Dois amigos brasileiros que trabalhavam em Portugal são os protagonistas de um homicídio ocorrido em outubro, em Lisboa. A vítima, Alexandre Lehnert, 20, foi encontrada dentro de uma mala, em um matagal próximo a um quartel, no último dia 19. O acusado de cometer o crime é seu amigo, Ivair Tavares, 40, preso desde então. O crime teria acontecido no dia 25 de outubro.
O Consulado do Brasil em Lisboa não sabe as causas do crime. Lehnert e Tavares moravam na mesma casa, no bairro dos Anjos, em Lisboa, com um grupo de 12 brasileiros. Os dois haviam chegado a Portugal em março deste ano para trabalhar. Tavares não tinha visto, mas estava empregado em uma clínica de repouso para idosos. Lehnert era garçom e vendedor ambulante. O consulado não soube informar a situação dele no país.
Depois do crime, Tavares revelou a morte do amigo a outra brasileira que morava na casa. "Ele me contou que havia encontrado o Alexandre morto no quarto que eles dividiam, e que não chamou a polícia por medo de ser preso, já que era ilegal", afirma a colega da vítima, que preferiu não ter o nome revelado por medo de represálias. "Ele também contou que tinha pedido para um amigo se livrar do corpo, colocando-o em uma mala", completa.
Depois de encontrar o corpo, a polícia portuguesa pediu para a amiga de Lehnert ligar para Tavares e localizá-lo. O brasileiro foi preso e permanece sob custódia da Polícia Judiciária de Portugal, acusado de homicídio qualificado e profanação de cadáver. Segundo informações de amigos da vítima, a causa da morte foi asfixia.
Amizade
Antes de ir para Portugal, os dois brasileiros moravam em São Bento do Sul (SC), onde Tavares era pastor de uma igreja evangélica e Lehnert, seu ajudante. Tavares havia convencido o amigo a acompanhá-lo na viagem, onde tentariam juntar dinheiro para investir no Brasil.
"Há cerca de três semanas, o Alexandre ligou para o Brasil e disse que já tinha conseguido juntar dinheiro suficiente para voltar para o Brasil. Ele queria abrir uma livraria em São Bento do Sul", afirma Osni Batista, marido de uma prima de Lehnert.
A reportagem localizou o pai da vítima, mas ele não quis dar entrevista.
Segundo os amigos da vítima em Portugal, Lehnert já havia juntado 4.500 euros. O dinheiro estava em uma conta conjunta que ele mantinha com Tavares.
O corpo de Alexandre permanece em Portugal, sob custódia das autoridades locais. De acordo com o Consulado do Brasil em Lisboa, as despesas de traslado ou do sepultamento em Portugal devem ser pagar pela família do brasileiro. Segundo Batista, o pai de Lehnert já autorizou o enterro do filho naquele país.
A reportagem não localizou nenhum parente de Tavares.