“O economista observou que para se comprar dólar por meio das instituições financeiras legais, há uma certa burocracia.”
O fragmento reproduzido acima, extraído de texto da “Tribuna de Alagoas”, apresenta três problemas gramaticais bastante comuns em textos da imprensa.
O uso do pronome “se” com verbos no infinitivo (impessoal) constitui redundância. A idéia de quem redige uma construção como “para se comprar dólares” é indicar, por meio do pronome “se”, que está indeterminado o sujeito do verbo. Em outras palavras, não se especifica, dessa maneira, quem compra os tais dólares – afinal, qualquer um pode fazê-lo.
O fato é que o uso desse pronome é descabido quando o verbo a que se associa está no infinitivo. Este, quando impessoal, não admite sujeito e, por isso mesmo, já expressa “sozinho” a idéia de indeterminação do sujeito. Basta, então, dizer “para comprar dólares”.
O segunda problema é a falta de uma vírgula. A oração “para se comprar dólar (sic) por meio das instituições financeiras legais” está intercalada entre o verbo “observar” e o objeto direto (aquilo que se observa). O economista [sujeito] observou [verbo transitivo direto] que há certa burocracia [objeto direto] para comprar dólares por meio das instituições financeiras legais [oração subordinada]. A oração subordinada que se interpõe entre termos complementares deve ficar entre duas vírgulas.
O terceiro item a comentar não pode ser considerado propriamente um erro, sobretudo se houver intenção expressiva. Convém, entretanto, evitar o uso do artigo indefinido (“um”,”uma”) antes dos pronomes indefinidos (é o caso da palavra “certa”) para evitar a redundância.
Veja, abaixo, uma sugestão para reformular o texto:
O economista observou que, para comprar dólares por meio das instituições financeiras legais, há certa burocracia.