O depoimento de Henrique Pizolatto à CPI dos Correios, ainda em curso, vai complicando a situação de Luiz Gushiken, assessor e amigo de Lula. Respondendo a perguntas formuladas por César Borges (PFL-BA), o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil reafirmou que recebeu ordens expressas de Gushiken para antecipar um pagamento de R$ 9 milhões do contrato Visanet/BB para a DNA, agência que tinha Marcos Valério como sócio.
Pizzolato já havia feito essa declaração em entrevista à revista Isto É Dinheiro. Em resposta, Gushiken o chamara de “metiroso”. Pois ele acaba de reiterar a “mentira” diante dos parlamentares da CPI. “E o ministro sabia que esse dinheiro era repassado para o caixa dois do PT?”, perguntou César Borges. “Eu não tenho esse tipo de informação”, esquivou-se Pizzolato.
O ex-diretor de Marketing voltou a complicar Gushiken ao informar que se reunia regularmente com o amigo de Lula no Planalto, na época em que ele comandava a Secom (Secretaria de Comunicação do Governo). Em depoimento à CPI, Gushiken dissera que não controlava os gastos publicitários de estatais.
“Minha relação com o ministro (Gushiken) era formal. Tínhamos reuniões periódicas, algumas com a participação do ministro. Outras, de seus assessores. O ministro recebia mensalmente informações de acompanhamento e uma planilha de todos os gastos realizados com o orçamento do banco e com os recursos da Visanet.”
Eduardo Paes (PSDB-RJ), inquiridor que se seguiu a Cesar Borges, voltou a questionar Pizzolato a respeito da interferência de Gushiken na liberação do pagamento à agência de Valério. E o petista: "Ele me disse que era para assinar a nota."
Só para recordar, Pizzolato aposentou-se do Banco do Brasil, a toque de caixa, depois que se descobriu que recebera R$ 326 mil em verbas espúrias providas por Marcos Valério. Foi ele também quem organizou, com verbas do BB, o show da dupla Zezé Di Camargo e Luciano que se destinava a angariar recursos para a construção de uma nova sede para o PT.