O sorteio dos oito grupos da Copa da Alemanha, uma disputa imprevisível que começa às 17h30 (horário de Brasília), pode deixar o Brasil em situação até mais tranqüila do que a vivida na primeira fase do Mundial de 2002 ou colocar a seleção em apuro recorde.
Com o ranking da Fifa como base, a seleção brasileira pode enfrentar pela primeira vez na fase inicial da competição dois top ten –República Tcheca ou Holanda e EUA. Se o Brasil cair em chave com tchecos, americanos e tunisianos, teria pela frente o grupo mais duro, pelo ranking, que já enfrentou em início de Mundial.
A soma das posições desses três adversários na lista da Fifa daria 38, e o menor número que o Brasil já viu pela frente de cara na Copa foi 47, em 1994 (tomando como base o ranking da época). Em contrapartida, as "bolinhas" podem deixar hoje o Brasil ao lado de Ucrânia, Trinidad e Tobago e Angola, três estreantes em Copas cuja soma das posições no ranking mundial resulta 153.
A conquista do penta começou mesmo em dezembro de 2001 quando o acaso colocou rivais na época festejados na rota da seleção: Turquia, China e Costa Rica. A situação agora não é tão ameaçadora como era há quatro anos porque o Brasil conta com total favoritismo para o Mundial de 2006. Porém o próprio técnico Carlos Alberto Parreira, que não esconde o favoritismo do seu time, tenta evitar o que seria o Grupo da Morte do ano que vem.
"É bom ter pé-quente e mão quente", disse ele, referindo-se ao sorteio dos grupos de hoje. O Brasil tem 33,3% de probalidade de enfrentar logo na primeira fase a Sérvia e Montenegro, seleção tradicional (herdeira da Iugoslávia) que passou invicta nas eliminatórias e mandou até a cabeça-de-chave Espanha à repescagem.
"Em todos os grupos, haverá pelo menos um grande adversário [para os cabeças-de-chave]", analisou Parreira, que elogiou o fato de o México encabeçar um grupo, algo novo tecnicamente.
É por isso que os sérvios e montenegrinos têm grande chance de pegar o Brasil cedo –eles serão colocados à parte no sorteio porque jogarão em grupo encabeçado por país da América (Argentina, Brasil ou o México).
Não haverá, assim, três europeu em uma mesma chave. E o Brasil pode enfrentar dois europeus de alto nível na fase inicial, que classifica duas equipes por grupo às oitavas-de-final.
As 32 seleções (exceção feita à Sérvia e Montenegro) foram divididas em quatro blocos: um com os cabeças, um com os oito europeus que aparecem como segundas forças da Copa, um com os países de África, Equador, Paraguai e Austrália e outros com os times de Ásia e Concacaf –o Brasil não pega equatorianos e paraguaios por questões geográficas.
Franz Beckenbauer, que responde pelo Comitê Organizador da Copa, diz que a Holanda é "o time a ser evitado". Ela é um dos europeus do bloco (3) que geram preocupação geral. Além dela, Parreira também aponta Portugal como um adversário indigesto.
Zagallo, coordenador técnico da seleção brasileira, apontou ainda outra seleção que gostaria de evitar. "Holanda e Suécia são sempre duros adversários."
O sorteio de 2002 deu alívio a Felipão. O então técnico brasileiro, que afirmara antes do sorteio que ia "torcer par a bolinha ajudar", passou pela primeira fase com três vitórias, duas delas por goleada. Agora, em Portugal, disse que o sorteio é um "cassino".
O técnico da Inglaterra, Sven-Göran Eriksson, que o diga. Em 2002, o sorteio deixou para ele a Argentina, que ele dizia ser o melhor time da América do Sul, a Nigéria, que ele chamava de melhor da África, e a Suécia, seu país natal, que tem tradição em Copas.