Brasília – A proposta central dos representantes de governos estaduais, empresas e sociedade civil participantes 2ª Conferência Nacional do Meio Ambiente é de que o Projeto de Integração do Rio São Francisco às Bacias do Nordeste Setentrional só deve ser discutido após Rio ser totalmente revitalizado.
O ministro Ciro Gomes, durante os debates públicos sobre o Projeto já realizados, explicou que o Projeto de Integração vai levar vinte anos para ser todo realizado e que, por isso, os dois projetos – de Revitalização e Integração – devem se feitos simultaneamente.
Mas os participantes da Conferência discordam. Os movimentos sociais querem que "o governo faça imediatamente o processo de revitalização e só vamos discutir transposição quando o São Francisco estiver vivo novamente", diz o coordenador nacional de Política agrícola da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), Gilmar Pastorio.
A sociedade civil organizada está disposta a, "se precisar, fazer luta contra o governo Lula. Não tem acordo com os movimentos sociais, a menos que a revitalização seja um processo primeiro. Se o governo quiser tocar na marra, vai perder na sociedade", afirma o coordenador.
Ele explica que qualquer movimento social, "mesmo os mais radicais das regiões do São Francisco aceitam debater a revitalização, depois a transposição. Ao contrário, não tem acordo", ressalta.
A representante da prefeitura de Recife, Maria Emília, chama a atenção para uma outra questão, a distribuição da água. "Temos água, mas a distribuição não existe, há pessoas que até hoje não sabem o que é um chuveiro", conta.
De acordo com a representante, a proposta do governo municipal de Recife, segundo Maria Emília, parte do princípio de que apenas a Integração não é suficiente, já que "não traz o desenvolvimento para o Nordeste. É preciso um plano com ações de gestão da água e da sustentabilidade dos recursos hídricos. O nosso grande problema é a escassez e má gestão".
Já a proposta do governo estadual de Pernambuco é de que a água chegue às famílias rurais no agreste e no sertão do estado. "O Projeto de transposição não chega até lá", diz.