A jornalista mexicana Lydia Cacho, detida na sexta-feira em Cancún (leste), acusada de difamação e calúnia por um livro no qual denuncia uma rede de pedofilia, foi libertada após pagar fiança de 70.000 pesos (6.500 dólares).
Ao deixar a promotoria de Puebla (centro, mais de 1.500 km de Cancún), para onde foi levada por ter sido o local onde a denúncia foi apresentada, Lydia Cacho garantiu que a maneira como foi presa foi uma forma de pressão e intimidação.
"O uso de poder para ir me pegar em Quintana Roo como se eu fosse uma traficante de drogas e me trazer pela estrada por 30 horas, com uma única refeição é, do meu ponto de vista, pressão psicológica e uma das formas de tortura que existem em nosso país", declarou.
A denúncia contra ela foi feita pelo empresário do setor têxtil Camel Nacif, que aparece citado no livro "Los demonios del Edén", no qual a jornalista revela um caso de pedofilia em Cancún (estado de Quintana Roo). Segundo ela, várias jovens denunciam ter sofrido abusos por parte de Jean Succar Kuri, quando eram crianças.
Kuir, um libanês naturalizado mexicano, está preso desde meados de 2004 nos Estados Unidos à espera de um processo de extradição.
O companheiro de Lydia, o também jornalista Jorge Zepeda, denunciou que sua prisão foi "absolutamente arbitrária e irregular, com muitos vícios de origem e (…) muito claramente uma manobra para intimidar, para perseguir".
Em declarações à emissora W Radio, Zepeda explicou que Cacho nunca recebeu uma citação da Justiça, "de modo que não tinha como saber que tinha uma ordem de comparecimento".