Até 1,8 milhão de pessoas vive nas ruas no Brasil, de acordo com um levantamento do Ministério do Desenvolvimento Social feito com base em 76 municípios. O trabalho mostra que de 0,6% a 1% da população brasileira vive de modo provisório ou permanentemente nas ruas. Na cidade de São Paulo, a estimativa é de que haja 10.394 pessoas nessa situação. O estudo revela que a principal dificuldade na reabilitação é a obtenção de alguma fonte de renda para que as pessoas consigam reorganizar suas vidas.
Catadores de papel e moradores de rua tiveram um encontro de confraternização na tarde de hoje (23) em São Paulo com o presidente Lula e o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Patrus Ananias. Os trabalhadores apresentaram ao presidente os resultados obtidos ao final de um ano de convênio assinado entre o governo e a Cooperativa dos Catadores Autônomos de Papel, Apara e Materiais Recicláveis (Coopamare), a primeira cooperativa de catadores de lixo do Brasil.
De acordo com o Movimento Nacional dos Catadores de Rua, as metas do acordo assinado em 2004 foram superadas. O convênio possibilitou a habilitação de 1.350 catadores; a inauguração de 36 centros de treinamento e referência; e a realização de 16 congressos e 12 encontros de lideranças. Também foram produzidos kits de material didático e de pesquisas.
O ministro Patrus Ananias anunciou o início do convênio do MDS com a Associação Reciclázaro, uma organização não-governamental de São Paulo que dá treinamento profissional a moradores de rua. O acordo faz parte do Programa de Inclusão Produtiva de populações de rua do governo federal. Pelo convênio, o governo apoiará financeiramente os programas da Ong, que deve dobrar a quantidade de moradores de rua atendidos. Em todo o Brasil, apenas uma outra Ong (o Instituto Leonardo Murialdo, de Londrina-PR) e seis prefeituras (Rio de Janeiro, São Luís, Recife, Londrina, Natal e Belo Horizonte) obtiveram habilitação para receber verbas (R$ 2 milhões) do programa do governo.
"O governo entra com o suporte econômico e nós entramos com a mão de obra, com técnicos e professores. A partir daí, nós vamos capacitar pessoas para a autonomia financeira, ensinando costura, artesanato e cerâmica, por exemplo", explicou o padre José Carlos Spinola, presidente da associação.