O Brasil vai receber apenas US$ 67,3 milhões da dívida de US$ 150,4 milhões que a Nigéria contraiu com o país, há mais de 20 anos, em financiamentos e seguros de exportações. Os outros R$ 83,1 milhões serão cancelados, conforme acordo assinado hoje (29) pelo ministro interino da Fazenda, Murilo Portugal, e pela ministra das Finanças da Nigéria, Ngozi Okonjo-Iweala.
Depois da cerimônia, Murilo Portugal afirmou que apesar do cancelamento de parte da dívida, o acordo era um "passo importante em nome das relações bilaterais". Tratava-se de dívida antiga, sem solução, segundo ele, e o acordo vai permitir o "revigoramento" das relações comerciais e financeiras com o maior produtor de petróleo da África.
A decisão política para Brasil e Nigéria chegarem ao acordo foi revelada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita oficial que fez àquele país em abril deste ano, em nome do anunciado "resgate da dívida social" do Brasil com a África, segundo palavras do próprio presidente à época.
Essa decisão, de acordo com a ministra nigeriana em visita ao Brasil, vai permitir que a Petrobras e a NPC (empresa nigeriana de petróleo) façam negócios diretamente, sem intermediários, como acontece atualmente. Além disso, o Brasil quer exportar mais para aquele país, de modo a equilibrar a balança comercial (exportações menos importações) francamente desfavorável a nosso país.
De acordo com números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Brasil vendeu para a Nigéria, no ano passado, o equivalente a US$ 505 milhões, enquanto gastou US$ 3,49 bilhões, principalmente em petróleo e derivados. É o maior déficit comercial brasileiro com um país, e que deve aumentar neste ano para algo em torno de US$ 4 bilhões.