O delegado Valdir Silva de Carvalho, atual titular do 6° Distrito Policial e responsável pelas investigações da morte do agente Robson Rui, já foi suspeito de envolvimento com a gangue fardada, devido amizade que possuía com o ex-tenente-coronel Manoel Cavalcante. Carvalho chegou a ter preventiva decretada após a morte do fazendeiro Fernando Fidélis, por conta de suspeitas que pairam sobre ele.
Carvalho é suspeito ainda de envolvimento no assassinato de Ebson Vasconcelos, o Eto, ocorrido em novembro de 2002. Por esta razão, o juiz Maurício Breda recebeu relatório de quebra de sigilo fiscal, telefônico e bancário de Valdir Carvalho, encaminhado pelo Ministério Público Estadual.
A briga entre Carvalho e Eto se iniciou depois que o pistoleiro acusou o delegado de participar do assassinato do tributarista Silvio Viana. De acordo com Eto, o crime foi planejado por Manoel Cavalcante e o ex-PM Garibalde Amorim, que teve relaxamento de prisão por contribuir com as investigações do assassinato de Fernando Fidélis, suposto integrante do grupo de extermínio.
Conforme denúncias feitas por Eto e por demais testemunhas, o grupo era formado por agentes da Polícia Civil e da PM, que atuavam a serviço de “pessoas importantes de Alagoas”, segundo o próprio Garibalde Amorim. Em uma lista-denúncia que apareceu nos principais veículos de comunicação do Estado, os nomes de Valdir Carvalho, Nilson Alcântara, Robson Rui e do policial Alfredo Pontes, além de Valter Santana (assassinado supostamente por queima de arquivo), apareciam como pessoas envolvidas nestas facções criminosas.
Valdir Carvalho chegou a passar um período preso no Baldomero Cavalcante, mas nada foi provado contra ele, até o presente o momento. O mesmo aconteceu com Robson Rui e Alfredo Pontes. Ambos foram submetidos a julgamento sob acusação de integrarem grupos de extermínio. Eles foram absolvidos.
Guerra de policiais
Quando Valter Santana foi assassinado, no dia 02 de junho de 2003, a viúva Tânia Lima declarou que ali era o início de uma guerra dentro da Polícia Civil. Ela foi além e usou até a expressão “mar de sangue”. Ela estava no banco de carona quando o marido foi executado com vários tiros. Alguns atingiram Tânia Lima. A mulher foi submetida a vários procedimentos cirúrgicos.
Tânia Lima parecia estar com a razão. Além de Valter Santana, foram executados Sinvaldo Feitosa (morto com mais de 30 tiros), Vanilo Lima e Wolkmar dos Santos. Estes dois últimos foram mortos no ano passado. Todos as vítimas – segundo fontes – possuíam informações sobre a ação de grupos de extermínio no Estado de Alagoas, ligados a “pessoas importantes”.
Do outro lado, como principais acusados, estava um grupo considerado rival, que planejava – segundo fontes da Polícia Civil – executar todos os que tivessem informações sobre a atuação da quadrilha, ou seja, queima de arquivo. Os nomes citados foram os de Robson Rui, Alfredo Pontes e Josué Teixeira.
Segundo Tânia Lima, o julgamento aconteceu com cartas marcadas. Antes de sair de Alagoas, com destino ignorado, ela falou que “não havia sido convidada para prestar depoimentos, mesmo sendo testemunha ocular do crime e sabendo quem matou o Valter”. Conforme Lima, Robson Rui foi o autor dos disparos que vitimou Valter Santana.
De acordo com o diretor geral da Polícia Civil, o depoimento de Tânia Lima foi barrado pela própria Justiça de Alagoas. Ele encaminhou um ofício ao Tribunal, que por sua vez recorreu a Corregedoria de Justiça. Para o promotor do caso, Márcio Roberto, apesar do processo da morte de Valter Santana ter quatro volumes, em nenhum momento há provas concretas contra Alfredo Pontes e Robson Rui.
Apesar da absolvição de Alfredo Pontes e Robson Rui a guerra na Polícia Civil parece não ter acabado. Em entrevista a imprensa, no fim do ano passado, Tânia Lima disse que tentaram matar o seu irmão, Valter Lima, que também é policial civil. Lima diz que “um inocente (Flávio Humberto) morreu em seu lugar”. Na semana passada foi a vez de mais um policial ser assassinado.