Como uma medida extraordinária, a Anfavea, entidade que representa as montadoras de veículos, decidiu anunciar um dado isolado sobre as vendas no mercado interno em dezembro.
A decisão foi tomada pelo "ótimo", segundo a entidade, desempenho do período. O último mês do ano foi o melhor de 2005, com 183,6 mil unidades vendidas para os consumidores –o que representa o melhor dezembro da história do setor automobilístico.
Só não bateu o recorde de outubro de 1997, quando o total de carros vendidos no Brasil somou 189 mil unidades. Em relação a 2005, a entidade prevê agora vendas de 1,71 milhão de veículos novos (nacionais e importados), ligeiramente acima do 1,7 milhão previsto há um mês –o melhor número para o setor desde 1997.
A expectativa inicial da associação era anunciar o dado no dia 11, com outros indicadores da indústria, mas o resultado classificado como "extraordinário" pela direção fez a Anfavea antecipar a publicação. Os números correspondem ao volume de carros licenciados no mês e foram coletados pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
Como o número corresponde ao total de licenciamentos, nessa conta pode estar incluído também um certo montante de unidades comercializadas em novembro, mas o consumidor, por razões financeiras –como a chegada do 13º salário– pode ter decidido postergar a documentação do carro para o mês seguinte.
A Anfavea ressalta, no entanto, que esse resíduo é pequeno e não chega a "turbinar" o resultado do mês passado. Também não pode ser considerado um efeito sazonal de final de ano –esse resíduo é comum a todos os meses do ano.
Sobre novembro de 2005, o volume alcançado em dezembro (183,6 mil unidades) registra expansão de 15,9%. É como se a cada dia tivessem sido comercializados 8.300 carros no país –contra a média diária de 7.900 em novembro. Em relação a dezembro de 2004 –que registrou o mesmo número de dias úteis de 2005–, a alta foi de 3,2%.
O fato de dezembro ter tido dois dias úteis a mais que novembro ajudou a pressionar o número final para cima, mas, segundo a entidade, isso não tira o "mérito" do resultado recorde do mês.
Rogélio Goldfarb, presidente da Anfavea, vai além. Ele diz que o desempenho "mostra o aquecimento da economia como um todo e que o setor já entra em 2006 em ritmo forte".
Ele não crê, porém, que o desempenho tenha relação com a leve melhora da renda em 2005 –o rendimento real do brasileiro cresceu cerca de 2% de novembro de 2004 a novembro de 2005.
A expansão está ligada à existência de crédito na praça, a promoções das revendas e a taxas de juros competitivas. Segundo dados da Anfavea, de junho a outubro a taxa média de juros nas revendas estava em 1,98% ao mês. Em novembro caiu para 1,95%, a mais baixa do ano.
Pelos dados da associação, a venda de caminhões, porém, não registra a mesma evolução –reflexo, em parte, do recuo do mercado agrícola. Em dezembro de 2005, as vendas caíram 16,1% em relação ao mesmo mês de 2004.
A Fiat fechou 2005 como a líder em vendas de automóveis e veículos comerciais. Foram 405 mil unidades vendidas –um quarto do volume total do setor, segundo o Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores). Em seguida, vêm GM, Volks e Ford.