O primeiro-ministro israelense Ariel Sharon, operado depois de uma hemorragia cerebral, foi colocado hoje em "coma profundo por pelo menos 24 horas", anunciou o hospital Hadassah de Jerusalém.
"Colocamos o primeiro-ministro em coma profundo sob respiração artificial durante pelo menos 24 horas para manter uma pressão (sangüínea) frágil no crânio", declarou à imprensa o diretor do hospital Hadassah, Shlomo Mor Yosef.
"Seu estado é grave, mas estável", acrescentou. derrame cerebral sofrido pelo primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, "é sério, mas não irreversível", afirmou hoje o neurocirurgião argentino Félix Umansky, um dos médicos que operou o governante.
"É preciso esperar um tempo para ver a evolução. Fizemos tudo o que pudemos e estamos rezando pela recuperação de Sharon", disse à Rádio Mitre, de Buenos Aires.
Sharon está agora "sedado, em tratamento intensivo" e "a intenção é que não tenha uma crise de hipertensão" como a que provocou o derrame cerebral, disse Umanski.
"Vamos mantê-lo assim durante três dias e depois, de acordo com as tomografias, vamos diminuir a sedação", afirmou após indicar que a operação durou mais dez horas e foi "muito complicada".
"Por enquanto não podemos dizer mais nada sobre sua condição", disse o neurocirurgião argentino, que vive em Israel desde o início da década de 1970.
Sharon, de 77 anos, foi internado no Hospital Hadassah, de Jerusalém, ao sofrer na quarta-feira à noite uma hemorragia cerebral em sua residência de Sicomoros, no deserto de Néguev, a 171 quilômetros da cidade.
Vácuo político
A gravidade do estado de saúde de Ariel Sharon, que tem poucas chances de voltar à vida pública, gera incerteza na classe política e na opinião pública israelense a menos de três meses das eleições nacionais.
A situação também suscita interesse na Autoridade Nacional Palestina (ANP) e no mundo árabe em geral, pois se esperava que, após a retirada israelense de Gaza, Sharon impulsionasse o processo de paz depois desse pleito, para o qual todas as pesquisas previam uma esmagadora vitória do premiê.
Um dos motivos da incerteza é sobre o futuro do novo partido Kadima (centro), que Sharon fundou há dois meses para levar adiante seu programa de paz. O outro motivo é sobre a condução do país: quem será o chefe de governo após as eleições parlamentares?