Em centenas de pessoas é comum, principalmente após as refeições, queixas de uma certa queimação, ardência, sensação de ter uma bola de gás passeando pelo esôfago e até mesmo dor no peito. Os sintomas descritos resultam na baixa produtividade no trabalho, nos estudos e conseqüentemente, na qualidade de vida. O que parece ser uma simples azia, é, na verdade, uma doença cujo nome ainda é pouco conhecido, que acomete homens, mulheres, jovens e adultos em todo o mundo: a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).
Estudos, pesquisas e congressos realizados nos últimos tempos têm apresentado crescimento do interesse de gastroenterologistas de todo o mundo, pela doença do refluxo. Diferente do que se pode imaginar, o motivo não é o aumento do número de casos da enfermidade, mas o acentuado prejuízo na qualidade de vida das pessoas acometidas pela doença. O que leva os profissionais buscarem cada vez mais saídas para o problema.
“A doença do refluxo é resultado do caminho inverso que o alimento faz depois da sua ingestão. Se o fluxo normal da digestão é boca-esôfago-estômago, com a doença, o alimento faz o caminho de volta, por isso é chamado refluxo”, explica o gatroenterologista, Ivo Jatobá Leite, especialista em Endoscopia Digestiva, que atua na Gastromed – Centro Médico Iguatemi – em Maceió.
Segundo o médico, quando comemos, os alimentos percorrem o esôfago e, antes de chegar ao estômago, atravessam uma espécie de válvula, conhecida como esfíncter, que deve manter-se fechada após a passagem do bolo alimentar para impedir que os ácidos digestivos voltem pelo esôfago acima. Às vezes, porém, os músculos dessa válvula perdem a elasticidade e permanecem abertos, permitindo o refluxo que causa dor e a queimação. “A mucosa do esôfago não é preparada para receber o ácido do estômago, por isso a irritação que provoca azia” acrescenta.
Causas
A hérnia hiatal, é uma das três causas apontadas como responsável pelo mau funcionamento da válvula que separa o estômago do esôfago. “A hérnia é o processo pelo qual o esôfago desliza para cima cerca de dois a três centímetros, puxa o estômago e ambas as estruturas se deslocam para o tórax. Essa alteração anatômica prejudica a válvula anti-refluxo”, afirma o gastroenterologista.
As outras causas apresentam-se de forma complementar, já que os maus hábitos alimentares também podem resultar na chamada hipotonia dicárdia, que significa um “afrouxamento” da válvula também conhecida como esfinter.
A má alimentação torna-se, assim, um dos maiores incidentes da doença entre a população. Primeiro porque o refluxo pode ocorrer mais comumente quando grande quantidade de alimento é ingerida, juntamente com o ar também engolido. O uso freqüente de cigarros, bebidas alcoólicas, ingestão de frituras ou alimentos gordurosos, chocolate e a obesidade são fatores contribuintes nesse processo.