O governo federal irá iniciar hoje as obras nas estradas do país. Na última quinta-feira, o Ministério dos Transportes divulgou uma lista com cerca de 10,5 mil quilômetros de rodovias que terão suas obras iniciadas já amanhã.
A operação emergencial anunciada pelo governo na semana passada prevê intervenções em mais de 26 mil quilômetros em 25 Estados brasileiros.
Entre os trechos selecionados pelo DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) estão 622 quilômetros em cinco rodovias de São Paulo, 1.058 quilômetros em sete estradas de Minas Gerais e mais de 2.300 quilômetros em 11 rodovias no Estado de Goiás.
Também aparecem na lista do Ministério dos Transportes para o início de obras nesta segunda-feira os Estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Maranhão, Pará, Bahia, Paraná, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Piauí, Ceará e Santa Catarina.
Cerca de 120 frentes de trabalho foram definidas como prioritárias pelo governo para começarem as obras imediatamente. A previsão do governo é colocar nas estradas 600 frentes de operários nos próximos dias para concluir os serviços de tapa-buracos no prazo de 90 dias.
As obras de recomposição e recapeamento de pequenos trechos, sinalização horizontal e recuperação de pontes deverão estar concluídas até o fim do primeiro semestre deste ano.
Críticas
Para alguns especialistas, os R$ 440 milhões destinados à operação são insuficientes para a realização do serviço nos 26,4 mil km que o governo quer atingir com o programa emergencial.
Segundo o vice-presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo, Edemar de Souza Amorim, para que a operação realize serviços classificados por ele como "quebra-galho" seriam necessários gastos de pelo menos R$ 100 mil por quilômetro, em estrada de pista simples. Com a verba anunciada pelo governo, o cálculo dá R$ 16,6 mil por quilômetro.
"O governo vai conseguir fazer no máximo 4.000 km para passar caminhões só até o próximo mês de julho", afirmou o engenheiro.
Segundo Amorim, o custo para tapar buracos de forma efetiva ficaria em torno de R$ 300 mil por quilômetro. "No cálculo dos R$ 100 mil, trata-se de jogar piche e pedra para que o asfalto cubra debaixo para cima. É um quebra-galho para estradinha." E completou: "O que o governo deve estar propondo deve ser pior. Seria pegar uma argamassa de pedra e asfalto e jogar no buraco, o que só funciona até a próxima chuva".
Os gastos previstos na operação tapa-buracos não equivalem nem à metade do que foi investido em 2004 pelas concessionárias que administram pouco mais de 10 mil km de rodovias em todo o país –as estradas sob concessão representam cerca de 6% da malha pavimentada do país.
Marcelo Rosemberg, conselheiro do Instituto de Engenharia e do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva, também considera insuficiente a verba. "Um tapa-buraco não vai resolver não vai durar um ano nem ser feito em três meses."
Para a professora de engenharia Laura Goretti da Motta, da Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio, é difícil afirmar se o valor é suficiente porque as obras não são contínuas e o gasto por quilômetro depende de quantos buracos há por trecho.
No Congresso, o senador Romeu Tuma (PFL-SP) disse que o PFL pressionará pela convocação do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, para explicar à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado sobre a estimativa de validade das obras.
"Se esse tapa-buraco não dura um ano, é eleitoral. Por que não há um plano de recuperação de estradas?", questionou o senador.
O senador Delcídio Amaral (PT-MS) também criticou a operação. "Ficamos novamente no remendo e não resolvemos o principal", disse ele, que é membro da Comissão de Infra-Estrutura do Senado.