O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, pode respirar sozinho, apesar de continuar ligado a um respirador artificial e de seu estado de saúde continuar grave.
"No momento em que começamos a reduzir os remédios, o primeiro-ministro começou a respirar por conta própria", afirmou o diretor do hospital Hadassah, Shlomo Mor-Yosef, que repetiu suas palavras duas vezes.
O porta-voz disse ainda que "Sharon continua respirando com a ajuda de aparelhos".
Os médicos começaram hoje de manhã a reduzir as doses de anestesia com o objetivo de despertar o primeiro-ministro, e a respiração é considerada o primeiro indício sobre seu estado depois dos três derrames cerebrais que sofreu desde quarta-feira.
"Esta foi a primeira fase. Estamos informando isso a vocês porque achamos que é de interesse, mas o processo (de reanimação) durará várias horas e até dias, e não vamos convocar (entrevistas coletivas) toda hora", disse o médico diante da expectativa de dezenas de jornalistas de todo o mundo.
Também havia uma multidão de curiosos interessados em acompanhar de perto a situação de seu primeiro-ministro.
Sharon está em uma situação de coma induzido desde que sofreu a primeira hemorragia, e até agora os médicos não conhecem as seqüelas físicas ou mentais sofridas por ele.
Depois do exame respiratório, o primeiro-ministro será submetido a outros para ver como ele reage à dor e à luz.
Depois que Sharon estiver acordado, acontecerão as fases cognitivas, mais avançadas do processo, nas quais os médicos pedirão que ele movimente suas articulações.
Apesar do otimismo que desperta o fato de o primeiro-ministro israelense poder respirar, Mor-Yosef lembrou que "seu estado de saúde continua grave".
O doutor José Cohen, médico de origem argentina que participou de todas as cirurgias no chefe do Governo israelense, disse ontem que "as possibilidades de sobrevivência de Sharon são muito altas, mas sua capacidade para raciocinar e tirar conclusões será afetada".
De acordo com esse diagnóstico, Sharon provavelmente poderá falar e compreender as coisas, mas não mais exercer as funções de primeiro-ministro.
O assessor jurídico do Governo, Menachem Mazuz, está à espera de um boletim médico detalhado sobre as capacidades de Sharon para decidir se a transferência de poderes ao chefe de Governo interino, Ehud Olmert, é permanente.
Olmert assumiu os poderes executivos na noite da última quarta-feira, mas não tomou decisões de peso porque espera que seja confirmada a incapacidade total ou parcial de Sharon.
Entre as decisões mais importantes está a nomeação de novos ministros para uma série de pastas que ficaram vagas por causa da saída do Partido Trabalhista da coalizão, há várias semanas.
Também existe grande efervescência política nas fileiras do novo partido de Sharon, o Kadima (Avante), que deve escolher um candidato a primeiro-ministro e definir a lista de candidatos a deputado para as eleições de 28 de março.
A atividade política em Israel está paralisada devido à situação de crise nacional, mas diferentes dirigentes de oposição já chegaram à conclusão de que é preciso continuar com o processo eleitoral.
O fato político mais relevante das últimas horas foi o apoio explícito do ex-líder trabalhista Shimon Peres ao Kadima e a convocação a seus seguidores para que votem no partido de Sharon.
"Olmert é uma boa alternativa e tem experiência", disse Peres em declarações à CNN. "O Kadima se aproximou muito do Partido Trabalhista", justificou-se o ex-premier, que confirmou que, ao contrário de suas intenções iniciais, quando Sharon dirigia o partido, agora ele estuda a possibilidade de se apresentar como candidato a deputado.
Analistas israelenses disseram que Olmert tenta atrair Peres para sua esfera de influência e que provavelmente o designará para algum cargo de ministro de importância com o objetivo de garantir seu apoio.