Tumulto ocorrido durante o Hajj [peregrinação a Meca, que é um dos cinco pilares do islã] deixou ao menos 345 mortos e cerca de mil feridos em Mena, cidade vizinha a Meca, na Arábia Saudita. De acordo com informações do Ministério do Interior, o acidente ocorreu quando muçulmanos, com pressa, correram para apedrejar três pilares que representam o Diabo –ritual que deve ser realizado antes do pôr-do-sol.
Em 2004, um tumulto matou 244 pessoas. Em 1990, os mortos chegaram a 1.426. Anualmente, cerca de 2,5 milhões de fiéis participam da peregrinação a Meca.
O porta-voz do Ministério do Interior, Mansour al Turki, confirmou as mortes, e disse haver 289 pessoas hospitalizadas. Um médico do Crescente Vermelho (versão islâmica da Cruz Vermelha) citou cerca de mil feridos.
Imagens de TV mostraram filas de corpos cobertos. Ahmed Mustafa, um peregrino egípcio, disse ter visto corpos sendo levados em caminhões frigoríficos.
Outro egípcio relatou ter ouvido gritos e na seqüência várias pessoas pulando umas sobre as outras.
Este não é o primeiro acidente a causar mortes durante o hajj. No último dia 5, o desabamento de um prédio em Meca deixou 76 mortos.
Apedrejamento
O acidente ocorreu na entrada leste de Mena, onde há uma ponte. Nesse local, estão os três pilares de Al Jamarat, que devem ser apedrejados por simbolizarem o Diabo. O ato demonstra repúdio às tentações.
De acordo com o comunicado do ministério, vários peregrinos caíram e foram pisoteados. Segundo testemunhas, malas e outras bagagens despencaram dos ônibus de peregrinos e obstruíram uma das entradas da ponte, atrapalhando a passagem dos fiéis.
Ambulâncias e carros da polícia foram imediatamente até o local, e forças de segurança tentavam remover os peregrinos da região. Milhares deles continuavam a realizar o ritual.
Multidão
"As pessoas que morreram tentavam chegar até a ponte para apedrejar os pilares. Mas uma onda de pessoas vinda de outra direção tentava sair do local. É por isso que as pessoas morreram", afirmou o egípcio Amr Gad, que participava do apedrejamento no momento do tumulto.
Segundo a tradição, cada um dos peregrinos deve passar em todos os pilares e atirar pedras. Recentemente, o governo saudita aumentou a largura da ponte e construiu rampas extras. O hajj deve ser cumprido todo muçulmano apto financeira e fisicamente, ao menos uma vez na vida.
O governo anunciou que, ao fim do hajj ocorrido neste ano, a ponte Jamarat será substituída por um outro projeto que terá quatro entradas e saídas, e incluirá também um metrô. O custo do nova construção está orçado em US$ 1,2 bilhão.