Sob a ameaça de acirramento dos ânimos, os tucanos procuraram o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para que orquestre um pacto de não-agressão entre o prefeito José Serra e o governador Geraldo Alckmin.
Ontem mesmo, FHC recebeu para o jantar um secretário de Serra. Segundo aliados de Alckmin, ele tem conversado freqüentemente com o governador.
"Fernando Henrique, certamente, participará dessa decantação", disse o líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP).
Além de FHC, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e o governador de Minas, Aécio Neves, serão encarregados da delicada costura de um plano, com fixação de critérios para a escolha do candidato. Aí, começa o problema.
Emissários de Serra sugerem, por exemplo, a análise de pesquisas e a consulta de diretórios como método. O argumento é de que o PSDB precisa usar dados "quase científicos" para justificar a escolha para aquele que for preterido. "Temos que ter um método", disse Goldman.
"É preciso fazer pesquisa e ouvir os diretórios", endossou o secretário-geral do PSDB, deputado Eduardo Paes (RJ). Os números têm sido desfavoráveis a Alckmin.
Assim como Goldman, Paes afirma que "vai caber à Executiva Nacional fazer um mapeamento da regra do jogo". Aliados de Alckmin temem, porém, que a Executiva conduza o processo em favor de Serra. Além do apoio dos diretórios estaduais, o prefeito contaria com a simpatia dos integrantes da Executiva.
Para aliados de Serra, ao lançar sua candidatura, foi Alckmin que obrigou a adoção de critérios objetivos (pesquisas). Mas parlamentares ligados a Alckmin recomendam que se leve em consideração o perfil, o potencial de crescimento e o menor índice de rejeição do candidato. "Não é a Executiva que escolhe. A escolha se faz por prévia ou por acordo", afirma o deputado Júlio Semeghine (SP).
Os tucanos também querem fechar um acordo de procedimento. "O momento exige cuidado", alegou Goldman. A proposta é de um acordo em que Serra daria a Alckmin apoio nacional, se o governador fosse o escolhido. Em troca, Alckmin se comprometeria a lançar Serra caso o PSDB optasse pelo prefeito. Esse seria o meio de neutralizar o impacto da renúncia de Serra. Nesse caso, Alckmin ficaria no governo até o fim, sendo cotado para um ministério na hipótese de Serra vencer.
As negociações avançam na semana que vem, com a volta de Tasso ao Brasil e a reunião de Alckmin e Aécio na quarta-feira.