TAMPA (Reuters) – Um norte-americano foi solto na segunda-feira, após passar mais de metade da vida na cadeia — 24 anos — por estupros que, segundo exames de DNA, não foram cometidos por ele.
Alan Crotzer, de 45 anos, foi condenado em 1982 pelo estupro de uma mulher de 38 anos e de uma menina de 12, ambas em Tampa, na Flórida. Foi sentenciado a 130 anos de prisão.
Numa audiência na segunda-feira em Tampa, os promotores admitiram dúvidas significativas sobre a culpa de Crotzer e pediram ao juiz J. Rogers Padgett que revertesse a condenação e libertasse o réu. "A moção está concedida. O senhor é um homem livre", declarou então Padgett a Crotzer.
Seus advogados haviam solicitado a anulação da sentença e das acusações em fevereiro de 2004, depois que o legista Edward Blake, da Califórnia, confirmou que as provas de material genético descartavam Crotzer como autor dos estupros.
O réu, que é negro, havia sido condenado por um júri composto de brancos, que levou apenas uma hora para chegar ao veredicto, segundo a entidade Floridenses por Alternativas à Pena de Morte.
Em nota, a entidade disse que Sam Roberts, membro da equipe voluntária de defesa de Crotzer, considera o seu cliente vítima de um Judiciário distorcido.
"O sistema traiu completamente Alan Crotzer. Quando você sabe que é inocente e está passando a vida na prisão, você não tem escolha senão fazer tudo que pode e conseguir a ajuda de alguém que lhe ouça", disse Roberts.
Em entrevista à edição de domingo do jornal Saint Petersburg Times, Crotzer disse que ainda chora quando se lembra como sua mãe gritou e desmaiou no tribunal no dia em que foi equivocadamente condenado, ao fim de um julgamento de quatro dias.
Sua mãe morreu há seis anos, de câncer de pulmão.
Embora admita sua frustração com a Justiça, Crotzer disse ao jornal que não guarda rancor. "Estou muito feliz", disse ele a jornalistas diante do tribunal, acrescentando que pretende comemorar a libertação com amigos.
(Reportagem de Robert Green)