Uma embarcação egípcia que viajava com aproximadamente 1.400 pessoas, em sua maioria trabalhadores egípcios que vinham da Arábia Saudita, afundou nesta sexta-feira no mar Vermelho.
Até o momento, a Guarda Costeira retirou 185 corpos do mar e pelo menos 263 pessoas conseguiram se salvar em botes salva-vidas, informaram autoridades do Egito.
Quatro embarcações de resgate do Egito chegaram ao local do acidente na tarde desta sexta-feira (hora local), cerca de dez horas depois que a embarcação Al Salam Boccaccio 98 afundou.
A tragédia lembra o Titanic, que afundou em 1912 no Canadá, causando a morte de cerca de 1.500 pessoas.
O Al Salam Boccaccio 98 [de transporte de pessoas, veículos e carga] partiu do porto de Duba, na Arábia Saudita, e tinha como destino o porto de Safaga, no sul do Egito. Em seu interior havia também 22 carros e 16 caminhões. As primeiras informações relatavam 1.310 passageiros, mas o número foi corrigido.
À medida que a noite caia no local, aumentava o temor de que o número de mortos possa ser extremamente alto. Qualquer sobrevivente que ainda possa estar no mar Vermelho dificilmente suportaria as baixas temperaturas da água.
O ministro dos Transportes do Egito, Mohammed Lutfy Mansour, informou à rede de TV americana CNN que já havia sido encontrados 263 sobreviventes.
Uma fonte policial da sala de operações do porto de Safaga, para onde o ministro Mansour estava direcionando os esforços de salvamento, informou à agência Associated Press que 185 corpos já foram localizados.
A maioria dos passageiros era de trabalhadores egípcios que voltavam para casa no fim de semana após a jornada semanal em empresas na Arábia Saudita –de onde partiu a embarcação ontem. Mas muito passageiros –de Egito (1.158), Arábia Saudita (99), Síria (6), territórios palestinos (4), Canadá (1), Iêmen (1), Omã (1), Sudão (1) e Emirados Árabes Unidos (1)– voltavam para suas casas após o término do Hajj [peregrinação a Meca que todo muçulmano apto financeira e fisicamente deve realizar pelo menos uma vez na vida].
Um porta-voz da Presidência egípcia, o embaixador Suleiman Aued, disse na TV que o presidente Hosni Mubarak está recebendo relatórios todas as horas e que já ordenou a abertura de uma investigação.
"O presidente oferece condolências às famílias das vítimas", disse o porta-voz.
Autoridades disseram não ter muita esperança de encontrar mais sobreviventes porque o navio afundou há muitas horas. Apesar de já ter anoitecido na região [Egito está quatro horas à frente do horário brasileiro], equipes de resgate continuam as buscas em barcos salva-vidas, navios e helicópteros do Egito e da Arábia Saudita.
A Marinha egípcia informou ainda que não há nenhum indício de que a embarcação tenha sido sabotada ou sofrido algum tipo de ataque. A causa do acidente ainda não foi confirmada, mas fortes ventos e tempestades de areia foram registrados durante e madrugada desta sexta-feira na costa da Arábia Saudita.
Ajuda
Estados Unidos e Reino Unido enviaram navios à região para ajudar no resgate. Fontes do Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido disseram hoje que, por enquanto, não há informações sobre a presença de britânicos na embarcação que naufragou.
Muitas embarcações egípcias foram enviadas ao local para resgatar os sobreviventes, afirmou o ministro egípcio dos Transportes, Mohammed Lutfy Mansour. "A Guarda Costeira está fazendo todo o possível para resgatar as pessoas", disse Mansour.
Questionado a respeito da segurança do navio, Mansour afirmou que a embarcação "possuía os requerimentos de segurança necessários". Segundo ele, o número de passageiros a bordo estava abaixo do máximo permitido.
Desaparecimento
O navio desapareceu dos radares pouco depois de partir do porto saudita de Dubah, às 19h (15h de Brasília) desta quinta-feira, segundo autoridades marítimas. A embarcação deveria chegar ao porto egípcio de Safaga às 3h (23h de Brasília). Dubah e Safaga se localizam em lados opostos do mar Vermelho.
A embarcação pertence à companhia egípcia Al Salam Maritime Transport e alguns dos passageiros seriam peregrinos que voltavam da hajj [peregrinação a Meca, que é um dos cinco pilares do Islã], que acontece anualmente.
Um navio que pertencia à mesma companhia –que também transportava peregrinos– colidiu com um navio de carga no canal de Suez em outubro último, causando pânico entre os passageiros. Duas pessoas morreram e outras 40 ficaram feridas.