O Corpo de Bombeiros (CB) divulgou – agora há pouco – o resultado da perícia realizada no Cheiro da Terra, após o incêndio ocorrido no dia 27 de dezembro do ano passado. Conforme o trabalho dos peritos, chefiados pelo tenente-coronel Luis Antônio, foi causado por uma sobrecarga na rede elétrica do mercado de artesanato.
O comandante do CB, Jair Cordeiro, disse que “já possuía a certeza do resultado, antes mesmo da conclusão do laudo pericial”. “Quando estive no local pude constatar uma série de absurdos, como excesso de eletrodomésticos em uma rede cheia de gambiarras, com disjuntores que não comportavam a carga elétrica. Houve um efeito chamado de grafitização, que é basicamente uma sobrecarga na rede”, concluiu.
Para Jair Cordeiro o incêndio não pode ser visto como um fato criminoso, “mas sim como uma irresponsabilidade do responsável pela parte elétrica do estabelecimento, pois também não foi um acidente. Era uma tragédia anunciada”, concluiu o comandante.
“Eu acredito que, com a quantidade de coisas ligadas a uma mesma rede, as pessoas praticamente moravam naquele local. Vocês precisavam ver o estado das geladeiras, dos fogões, restos de cigarros. Enfim, eram vários focos de risco no local”, explicou o coronel.
Ao ser indagado se o Corpo de Bombeiros não tinham conhecimento sobre estas irregularidades, Jair Cordeiro, disse que havia sido feita a vistoria em outubro e o Cheiro da Terra havia sido notificado e estava dentro do prazo para se adequar. “Não interditei de imediato porque causaria um caos social”, disse.
Cordeiro afirmou o tempo todo – durante a coletiva – que o Cheiro da Terra era praticamente uma bomba por conta do superdimensionamento da carga elétrica. “O disjuntor sequer desligava quando havia descargas fortes”. A responsabilidade do incêndio pode ser atribuída ao proprietário Eduardo Robot, conforme entrevista do comandante. “Se a pessoa tem um estabelecimento e permite uma série de gambiarras no local é claro que ele tem que ser responsabilizado”.
Quanto a responsabilidade de verificar a instalação elétrica, Jair Cordeiro eximiu o Corpo de Bombeiros. Para ele, esta é uma função da Companhia Elétrica de Alagoas (Ceal). “Até porque não possuímos o conhecimento técnico suficiente. Constamos em nossa vistoria coisas erradas, mas não olhamos esta parte da instalação. Por exemplo, havia menos extintores do que o previsto, por conta das mudanças que o proprietário fez no local”.
Jair Cordeiro explicou também que não cabe a ele julgar se Eduardo Robot será processado pelo fato do incêndio ter sido irresponsável. “Isto não cabe ao Corpo dos Bombeiros decidir. Caso a Polícia Civil queira ter acesso ao laudo pericial ele está disponível. Nós vamos nos ater apenas ao que é responsabilidade nossa”.
Eduardo Robot
O proprietário do Cheiro da Terra, Eduardo Robot, compareceu a apresentação do laudo. Ele comentou que por conta do incêndio ter sido causado por um curto-circuito isenta ele de qualquer responsabilidade. “O resultado foi favorável a mim. Como se viu, não foi algo criminoso”.
“No momento em que o acidente ocorreu nada estava funcionando. A sobrecarga veio da rede externa, não sei quem é o responsável”, colocou Robot. O empresário disse ainda que os disjuntores estavam desligados no momento do acidente. “O incêndio começou na parte de trás do Cheiro da Terra e as únicas coisas em funcionamento eram o Museu e as câmaras de vigilância”, defendeu-se.