O Ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, disse hoje que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) "é movido pelo rancor e pela inveja" e que o comportamento dele é pior do que o do ex-presidente Fernando Collor de Mello, o que acaba favorecendo Lula e prejudicando a oposição.
Para Ciro, FHC deveria "guardar o recato e a elegância de todos os ex-presidentes, inclusive o de Fernando Collor".
O ministro fez suas declarações na pista do aeroporto internacional de Argel, capital da Argélia, logo ao desembarcar com a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou ao país nesta manhã.
Em artigo publicado nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo no domingo, FHC comparou o desempenho de seu governo na evolução do salário e da exploração de petróleo ao do governo Lula e sustentou que o seu foi melhor. Também no fim de semana, em entrevista à revista IstoÉ, FHC disse que "a ética do PT é roubar".
Ciro afirmou que durante as 10 horas de viagem de Brasília à Argélia, Lula não comentou com a comitiva as críticas de FHC, mas lembrou que meses atrás o presidente havia comparado os políticos tucanos a "ex-maridos que não suportam ver a ex-mulher feliz com outro".
"Fernando Henrique deveria pensar duas vezes antes de falar", declarou Ciro Gomes. "Os padrões éticos no governo dele não resistem a uma comparação com nenhum dos anteriores, se o critério for o grau de lesão aos cofres públicos", disse o ministro, numa referência aos processos de privatização.
"Fernando Henrique precisa controlar a inveja e o rancor, manter o recato e a elegância com que se comportam todos os ex-presidentes. Veja, por exemplo, o comportamento do ex-presidente Fernando Collor."
Segundo Ciro, as críticas de FHC acabam sendo benéficas para o governo Lula. "Temos pesquisas mostrando que, mesmo entre os segmentos que se decepcionaram com nosso governo, ninguém tem saudades dele. Com esse comportamento, ele acaba puxando o debate para um lado que nos favorece."
"Tenhos amigos no PSDB e no PFL que estão incomodados com essa atitude, porque ele desqualifica o debate e ocupa os espaços."
Além de Ciro Gomes, estão na comitiva do presidente os ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, Saraiva Felipe, da Saúde, Silas Rondeau, de Minas e Energia, Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Agnelo Queiroz, de Esporte, e Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
Depois da visita à Argélia, Lula irá a Benin, Botsuana e encerra a viagem na África do Sul. Essa é a quinta visita do presidente ao continente africano.