Cartão de crédito deixou definitivamente de ser privilégio de consumidor de classe média ou de alto poder aquisitivo. Um estudo da administradora de cartões Credicard, mostra que a participação de clientes de baixa renda (que ganham até R$ 500 por mês) cresce em ritmo superior ao do restante do mercado de cartões – tanto em emissão de novas unidades como em movimentação financeira.
No ano passado, em comparação com 2004, a fatia de mercado de consumidores de baixa renda experimentou expansão de 33% em número de cartões emitidos – passou de 11,376 mil para 15,075 mil. Já entre pessoas com renda mensal acima de R$ 500, a taxa de crescimento ficou em 25% – avançou de 41,320 mil para 51,642 mil unidades. Para este ano, a emissão de novos cartões para esse segmento deverá aumentar pelo menos 22,8%, segundo projeção da Credicard.
A rápida popularização de meios eletrônicos de pagamento entre clientes de baixa renda não é novidade para esse mercado. No entanto, o estudo da Credicard revela que a tendência apresenta evolução mais forte desde 2001. Em movimentação financeira, o crescimento de 2002 na comparação com 2001 foi de 31%; 23% em 2003; 21% em 2004; e 25% no ano passado.
No acumulado de 2001 a 2005, clientes que ganham menos de R$ 500 também crescem mais que as demais faixas salariais. No período, o gasto médio cresceu 144% – contra 118% do mercado geral. Em número de cartões, a categoria avançou 97%, contra 89% da total do setor.
Para o diretor-executivo de Marketing da Credicard, Fernando Chacon, o crescimento do mercado entre consumidores de baixa renda é resultado do maior uso dos cartões de plástico como meio de compras financiadas. “Esse público passou a entender que é mais seguro e ágil comprar a prazo por meio de cartão. Além disso, eles (os consumidores de baixa renda) estão mais seguros e confiantes quanto à utilização, seja no comércio tradicional, seja por meio da internet”, explica Chacon.
Supermercados
O setor supermercadista tem responsabilidade direta no crescimento do mercado de cartões nos últimos anos. Parte da expansão registrada pelo setor é resultado da aproximação do varejo com instituições financeiras, segundo Chacon. As maiores redes varejistas do país já adotaram bandeiras (Visa, Mastercard, por exemplo) nos cartões private label (cartão de loja).
“As redes deixaram de fazer papel de banco ou de administradora para se dedicar apenas a vender. Já as instituições financeiras enxergaram nesse mercado a única alternativa de crescimento. O resultado é muito bom e está incluindo consumidores de baixa renda no mercado de consumo por meios eletrônicos”, completa Chacon.