O ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PMDB) esteve – agora pela manhã – em Maceió. Reunido com filiados do partido, políticos e simpatizantes por sua candidatura, Garotinho defendeu a idéia de sair candidato à presidência da República pelo PMDB. Ele se considera o único capaz de ganhar as eleições e afirma ter 67% dos votos dos filiados nas prévias do dia 19 de março.
Para Garotinho não há divergências internas no partido. “A candidatura própria é um pensamento de 95% dos filiados, inclusive com o aval do presidente do Senado Renan Calheiros, um dos principais nomes do partido”. Disputam as prévias do PMDB Garotinho e o governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto.
“Não tenho nada contra o governador Rigotto, o problema é que o partido só se fortalece se disputar as eleições para ganhar e não de fachada. O PMDB precisa de um candidato que tenha condições claras de vencer e este sou eu. A última vez que o PMDB teve candidatura própria elegeu mais de cem deputados, mesmo não tendo 5% dos votos para presidência. O ano passado, quando apoiamos o PSDB, elegemos pouco mais de 70”, avaliou Garotinho.
Anthony Garotinho acredita que em Alagoas é um candidato de peso. “Nas eleições passadas, empatei com o Lula aqui neste Estado. Conto com o povo daqui. Estou fazendo uma peregrinação para que as pessoas me dêem uma chance”. Com o lema “fez no Rio e vai fazer no Brasil”, Garotinho diz que seu programa de governo – caso ganhe as prévias – já se encontra pronto.
“Quero uma chance do partido. Como sempre tenho pedido chances sem decepcionar. Como aconteceu quando fui prefeito no interior do Rio de Janeiro e governador do Estado, tanto que minha esposa, que sequer é política, ganhou com folga somando os votos de todos os outros candidatos” declarou.
Garotinho diz que contou com 34 enconomistas – chefiados por Carlos Lessa – para traçar metas de crescimento econômico para o Brasil. “São três princípios básicos, aumento de crédito, diminuição de juros e redução da carga tributária. Desta forma criamos um governo que gera emprego, movimenta a economia e tem atitudes municipalistas. Levando o poder para onde o povo está”, destacou.
Anthony Garotinho concorreu à presidência da República pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), nas eleições passadas. Sem bases políticas fortes no país – com exceção do governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, que o apoiou no primeiro turno – o candidato obteve 15 milhões de votos. “Meu objetivo agora, dentro de uma estrutura forte, como é a do PMDB, é ampliar muito mais este número”, salientou.
Para vencer as prévias, o pré-candidato diz contar com apoio de sete estados, que são: Minas Gerais, Rondônia, Acre, Espírito Santo, Piauí Goiás e Alagoas. “São locais onde a minha candidatura tem uma resposta mais forte, mas isto não exclui o resto do país dos meus planos. Hoje a tarde vou estar em Aracajú para ter esta mesma conversa que estou tendo aqui”.
A ausência do senador Renan Calheiros – um dos principais nomes do partido –foi sentida por Anthony Garotinho, mas conforme o irmão do senador e deputado federal, Olavo Calheiros, “Renan não está desprestigiando o correligionário, apenas não deu para comparecer a reunião”. Renan Calheiros defendia que o partido não deveria apresentar candidatura própria à presidência, motivo pelo qual o PMDB se dividiu em duas frentes, uma comandada pelo deputado Michel Themer e outra encabeçada pelo próprio Calheiros.
Segundo Garotinho, estas divisões são coisas do passado. “O PMDB é um dos partidos mais fortes do país. Possui cinco mil diretórios espalhados por todo o Brasil. Nossa meta é a fidelidade partidária. Caso aconteça de perder as prévias, apoiarei o Rigotto, mesmo achando que ele não ganha a presidência”.
Críticas ao Governo
Garotinho apoiou Luis Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições passadas. No entanto, agora se define como oposição ao Governo do PT, o que choca diretamente com as posições de Renan Calheiros no Senado Federal. Uma das principais críticas é a questão dos juros altos, que segundo o pré-candidato, é “o que há de pior no Governo”.
“Se paga muito com os juros de dívidas aos banqueiros. O governo tem seus gastos amarrados e com isto não pode diminuir impostos, nem investir em programas do interesse do povo. Não estou aqui para falar o que o povo quer ouvir, mas sim o que ele precisa. Neste momento, a questão dos juros altos afeta em todas as áreas”.
Entre as áreas afetadas, Garotinho destaca o Sistema Único de Saúde (SUS). “Os médicos recebem R$ 2,50 por consulta. Uma cesariana custa R$ 100. Como investir na saúde se o governo tem um montante comprometido com juros”, colocou. Garotinho finalizou a entrevista agradecendo o apoio tanto dos correligionários, quanto dos partidos que se fizeram presentes, como é o caso do Partido Social Cristão (PSC), do ex-vereador Jorge VI (um dos aliados mais fortes de Garotinho em Alagoas).
Em suas últimas palavras em Alagoas, o pré-candidato destacou a luta pela reunificação do partido e pediu o engajamento do PMDB alagoano na briga pela presidência da República. “Somos o partido que abriu as portas para a democracia, que construiu a Constituição, que simboliza uma luta pela liberdade. Precisamos de candidato próprio”, concluiu.