Pesquisas recentes têm revelado maior disposição dos brasileiros para o uso de camisinha nas relações sexuais. O diretor do Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DST/Aids), Pedro Chequer, atribui parte desse avanço à uma flexibilização da Igreja Católica no Brasil diante dos preservativos, postura oposta à resistência adotada nos anos 80.
Em entrevista ao programa Notícias da Manhã , da Rádio Nacional , Chequer lembrou que há 25 anos a Igreja buscava interferir nas mensagens e na política pública de prevenção. Nessa época, o Ministério da Saúde trabalhou para se afastar das questões religiosas e filosóficas, priorizando as evidências cientificas para a promoção da saúde.
"Hoje, a população católica está aderindo cada vez mais ao preservativo. Um dos mais importantes expoentes da Igreja, Dom Eugênio Sales, escreveu um artigo onde não questiona mais o preservativo, apenas solicita que acrescesse a questão da abstinência e a parceria única, mostrando que a Igreja tem avançado", cita Pedro Chequer.
Segundo o diretor, a Igreja tem sido parceira em várias circunstâncias no esforço nacional de preservação da vida e bem estar da população. Nesse sentido, em 1997, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) criou a Pastoral da Aids.
"Ela tem sido uma parceira muito constante, inclusive, construindo condições para que outras igrejas latino-americanas e da África portuguesa possam ter uma mensagem mais avançada e coerente com o que entendemos como adequada à prevenção da Aids", revela.
No ano passado, a cantora Daniela Mercury foi impedida de cantar no Concerto de Natal do Vaticano por participar de campanhas em defesa da utilização do preservativo. O veto foi criticado por ministros e especialistas em saúde, não tendo sido levado em conta no planejamento das políticas de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis.