O totonac do México ou o so da África fazem parte dos seis mil idiomas do planeta ameaçados de desaparecer no século 21, advertiu hoje a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Ciência, a Educação e a Cultura) na celebração do Dia Internacional da Língua Materna.
Na sexta edição deste dia internacional, o diretor-geral da organização, Koichiro Matsuura, destacou que a língua está profundamente ligada à identidade das pessoas. "Quando uma língua morre, uma visão de mundo desaparece", afirmou, lembrando que se deve lamentar o desaparecimento de um registro idiomático específico a cada duas semanas.
"As línguas não podem desaparecer sob o peso de outras. Têm de ser meios de expressão que vivam e atuem junto às grandes línguas da Terra", acrescentou Musa Bin Jaafar Bin Hassan, presidente da Conferência Geral da Unesco.
Mas os encarregados reconheceram a dificuldade de enfrentar a globalização atual, que situa o inglês numa posição dominante. Só na internet, 72% do conteúdo está em inglês, seguido do alemão, com 7%, e do espanhol, francês e japonês, com 3%. No entanto, 90% das seis mil línguas do mundo não estão representadas na internet e 20% delas não têm sequer uma transcrição escrita, segundo a Unesco.
O continente africano, que reúne um terço das línguas do mundo, é o mais afetado por esta realidade, já que 80% das línguas faladas no território são exclusivamente orais. Por isso, a União Africana decretou que o ano de 2006 será o da proteção das línguas do continente, onde o inglês e o francês, resquícios da presença das potências coloniais, continuam sendo muito forte.
O Dia Internacional da Língua Materna é celebrado todo 21 de fevereiro e tem como objetivo promover o reconhecimento e a prática das línguas maternas no mundo inteiro e em especial das minorias.