No segundo dia do desfile do Grupo Especial do Rio, as escolas de samba levam hoje a "marca Brasil" para a Sapucaí. Talvez pela facilidade de obter patrocínio, representações artísticas e lugares do país nunca estiveram tão presentes como neste ano, especialmente na programação do desfile desta segunda-feira de Carnaval.
Ontem (26), quatro escolas apresentaram enredos sobre o Brasil: Beija-Flor (Poços de Caldas), Imperatriz (Santa Catarina), Caprichosos de Pilares (Espírito Santo) e Grande Rio (Amazonas) que, ao lado da Acadêmicos da Rocinha, estourou o tempo limite, de 80 minutos.
Exceto pela Mocidade Independente, com um enredo socialmente correto sobre qualidade de vida, e que também menciona o aniversário de 50 anos da escola, as escolas retratarão direta ou indiretamente temas relacionados ao país. O caso mais explícito é o da Portela, que fará propaganda da Marca Brasil, estampa de produtos brasileiros no exterior.
Sob patrocínio oficial, a escola do subúrbio de Madureira, que quase foi rebaixada em 2005 (ficou em penúltimo lugar), encerrará o desfile apresentando o enredo "Marca a tua Cara e Mostra ao Mundo que o Melhor do Brasil é o Brasileiro".
A Mangueira, segunda a desfilar, virá com um enredo sobre o rio São Francisco, apoiado pelo governo do Ceará. Carnavalesco da Mangueira, Max Lopes, comemora a difusão de enredos sobre o país. "Ninguém está buscando subterfúgio [para buscar patrocínio] para falar do país. Estão falando do Brasil mesmo, com enredos bem fundamentados."
Manifestações artísticas e culturais brasileiras terão também lugar hoje. A Império Serrano, penúltima a desfilar, retratará as festas populares do Brasil, no enredo "O Império do Divino", do carnavalesco Paulo Menezes.
A Viradouro juntou o cenógrafo da TV Globo Mário Monteiro, sua mulher, Kaká, e o carnavalesco Milton Cunha para desenvolver o enredo "Arquitetando Folias". Terceira a desfilar, a escola de Niterói (a 15 km do Rio) levará para a Sapucaí carros que retratam uma cidade barroca de Minas e uma favela.
A Porto da Pedra (de São Gonçalo, a 20 km do Rio), que abre os desfiles com enredo em homenagens às mulheres, não falará diretamente do país, mas fará referências a muitas ilustres brasileiras, como a libertária Anita Garibaldi, e a personalidades femininas ligadas ao samba.
O mesmo ocorre com a Unidos da Tijuca, cujo enredo é sobre música. Embora o compositor austríaco Mozart tenha a "missão" de conduzir o público pelos setores da escola, Paulo Barros, carnavalesco da Tijuca, conta que um dos carros representará a Sapucaí e as suas arquibancadas populares, além de ritmos do país. A escola será a quinta a desfilar.
Antes da Tijuca, entrará na Sapucaí a Mocidade Independente de Padre Miguel. Na busca por patrocínio, a escola idealizou um enredo sobre paz, saúde, fartura e equilíbrio, batizado de "A Vida que Pedi a Deus". O carnavalesco Mauro Quintaes diz que o patrocínio não veio, mas que resolveram manter o tema assim mesmo.