Em um encontro bem-humorado neste sábado com Geraldo Alckmin, apesar da disputa interna do PSDB pela escolha do candidato à Presidência da República, o prefeito de São Paulo, José Serra, aproveitou para dar sua colaboração à crítica feita na véspera pelo governador paulista ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Li nos jornais que o Alckmin disse que o Lula é o anti-Juscelino. Aí eu fiquei pensando por quê? Ele é o anti-Juscelino porque são cinco anos em 50 nessa lentidão", disse o prefeito a jornalistas numa estação de metrô da capital paulista.
Na sexta-feira, o governador de São Paulo criticou Lula pelo fraco crescimento da economia brasileira –2,3% em 2005– referindo-se ao ex-presidente Juscelino Kubitschek, cujo slogan de governo era "50 anos em cinco".
Alckmin e Serra participaram da implantação do Bilhete Único em seis estações de metrô e duas de trem. Enquanto Alckmin é pré-candidato declarado à Presidência, Serra ainda não anunciou publicamente se pretende ser o candidato do partido. O prefeito tem melhor desempenho nas pesquisas.
Assessores dos dois, presentes ao evento, concordaram que a definição deve acontecer nos próximos dias, mas ninguém quis apostar em uma data.
O prefeito chegou antes, teve tempo para chupar um picolé de coco e passar pelas catracas do metrô. Mas voltou a passar por elas ao lado do governador, como parte do evento. Segundo o deputado Edson Aparecido, quando estiveram longe das câmaras e dos microfones, os dois trocaram experiências divertidas de campanhas anteriores.
Aos jornalistas, Serra e Alckmin deram muita ênfase na cooperação entre prefeitura e governo do Estado, cuja parceria permitiu o Bilhete Único integrar agora ônibus-metrô-trem.
"Nós dissemos que íamos fazer, em 2004, governador Alckmin e eu, candidato. Dissemos que iríamos fazer e fizemos", disse Serra, referindo-se à campanha para a prefeitura de São Paulo naquele ano.
Enquanto o prefeito preferiu novamente manter silêncio sobre a questão da candidatura tucana, Alckmin repetiu que aposta no consenso.
"É isso que buscamos: o entendimento, unidade partidária", disse o governador paulista, que acrescentou que "não tem nenhum problema de demora" na escolha.
Líderes tucanos têm reclamado da indefinição da candidatura do partido, que, para alguns, contribuiu para a recuperação de Lula na liderança da corrida eleitoral.
Mantendo o bom humor, Alckmin fez questão de mostrar suas diferenças com o prefeito, no futebol.
"Eu queria deixar claro o seguinte: eu e o Serra estamos em posições diametralmente opostas, amanhã, no jogo entre o Santos e o Palmeiras", disse Alckmin, torcedor santista. O prefeito é um palmeirense fanático.