Oposição consegue prorrogar CPI dos Bingos por 60 dias

A oposição conseguiu as assinaturas necessárias para prorrogar os trabalhos da CPI dos Bingos por 60 dias. São necessárias 27 assinaturas para garantir a continuidade dos trabalhos. Para oficializar a prorrogação é preciso que o requerimento seja entregue e lido em plenário pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A expectativa é que essa leitura ocorra amanhã.

Com essa prorrogação, a CPI dos Bingos continuará em funcionamento até o dia 24 de junho. Os trabalhos, que já tinham sido prorrogados uma vez, deveriam acabar no dia 25 de abril.

Os integrantes da CPI esperam conseguir, com a prorrogação, quebrar os sigilos do presidente do Sebrae, Paulo Okamoto, que é amigo pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O STF (Supremo Tribunal Federal) não liberou até agora a quebra dos sigilos de Okamotto.

O presidente do Sebrae, que também é amigo de Lula, disse ter pago em 2004 uma dívida de R$ 29,4 mil que o presidente tinha com o PT. O dinheiro foi registrado na prestação de contas do partido de 2003. Okamotto afirmou à CPI que quitou a dívida de Lula em dinheiro por orientação do então tesoureiro do partido Delúbio Soares.

Ele disse ter feito saques em contas em Brasília, São Paulo e São Bernardo do Campo e, em seguida, enviado o dinheiro à direção do PT para pagar a dívida, registrada na prestação de contas TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2003.

A dívida passou a ser investigada pela CPI por conta de indícios de uso irregular do Fundo Partidário para pagar despesas de Lula.

O presidente da CPI dos Bingos, senador Efraim Morais (PFL-PB), defendeu hoje a prorrogação dos trabalhos da comissão, após o surgimento de novas denúncias envolvendo Okamotto, publicadas na revista "Veja" desta semana.

Segundo a revista, Okamotto teria pago uma dívida de R$ 26 mil contraída pela filha mais velha de Lula, Lurian Cordeiro Lula da Silva.

Histórico

Apelidada de "CPI do Fim do Mundo", a comissão parlamentar que investiga a relação entre as casas de jogo e o crime organizado se notabilizou dentro do noticiário político por abrir várias linhas de investigação, todas elas de uma forma ou de outra constrangedoras para o governo.

Instalada no final de junho para investigar o primeiro escândalo de importância no governo Lula –o caso Waldomiro Diniz–, foi prorrogada de outubro de 2005 para abril de 2006, tal a extensão das áreas a serem investigadas, algumas delas, sem ligação aparente com o tema "casas de jogo".

O caso Waldomiro Diniz ainda rende manchetes de jornal pouco favoráveis para o Planalto e os partidos da base aliada. Diniz, que foi assessor da Casa Civil, é acusado de ter intermediado a cobrança de propina para a renovação do contrato da multinacional GTech com a Caixa Econômica Federal.

Ele deixou a Casa Civil depois da divulgação de uma fita em que ele aparecia negociando propina e pedindo recursos para campanhas do PT com o empresário de jogos Carlinhos Cachoeira. A GTech é a empresa multinacional que detém o monopólio da exploração das loterias da CEF.

Celso, Toninho e Paulo

Os parlamentares dessa CPI também já convocaram testemunhas para depor sobre o caso Celso Daniel, o prefeito de Santo André, vinculado ao PT, assassinado em 2002, e também sobre o assassinato do prefeito de Campinas, também petista, Antonio da Costa Santos (o Toninho do PT), em 2001.

Também entrou no escopo das investigações o chamado "caso Cuba", a suposta doação de recursos desse país para a campanha do PT de 2002, além da convocação do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, para esclarecer o pagamento de uma dívida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com seu partido.

Em princípio, nenhum desses quatro casos tinha ligação com a finalidade oficial da CPI dos Bingos: "investigar e apurar a utilização das casas de bingo para a prática de crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, bem como a relação dessas casas e das empresas concessionárias de apostas com o crime organizado".

A comissão abriu uma nova linha de investigação, a partir das denúncias do ex-assessor e advogado Rogério Buratti, que trabalhou para o ministro Antonio Palocci quando prefeito de Ribeirão Preto nos anos 90. Buratti acusou um suposto esquema de pagamento de propinas à prefeitura por empresários da cidade para formação de um caixa 2 do PT.

Como justificativa para a atuação, o presidente da comissão, senador Efraim Morais (PFL-PB), afirma que a comissão deve provar com o avanço das investigações que há ligação das denúncias de corrupção em Ribeirão Preto com os bingos.

Fonte: Folha Online, em Brasília

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