O julgamento do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein e de sete de seus ex-colaboradores será retomado nesta segunda-feira (13), decidiu neste domingo o juiz responsável pelo julgamento, Rauf Abdel Rahman.
A audiência de hoje (a 15ª) marcou a retomada do julgamento do ex-ditador e foi a primeira em que os réus no caso da acusação da morte de 148 moradores do vilarejo de Dujail, em 1982. Foram ouvidos três ex-membros do extinto partido Baath, de Saddam, que negaram envolvimento no ocorrido.
Foi também a primeira sessão depois da que aconteceu no dia 1º de março, quando o ex-ditador iraquiano reconheceu ter ordenado a realização de julgamentos que levaram às mortes em Dujail.
Saddam não esteve na sala da corte durante os testemunhos dos outros réus no caso, aguardando sua vez de entrar no tribunal (o que, por fim, não aconteceu). Ele e seus sete colaboradores são acusados de tortura, prisões ilegais e pela violenta ação em Dujail, onde sofreu uma tentativa de assassinato em 1982. Entre os 148 condenados, estão dez adolescentes –entre eles, um garoto de 11 anos– segundo os documentos apresentados na corte.
Mizhar Abdullah Ruwayyid, um ex-membro do partido Baath, de Saddam, disse ter sido envolvido no caso por uma mulher que guardava rancor dele, que teria cortado seu telefone já que ela não teria dinheiro para pagar a conta –Ruwayyid trabalhava no serviço de telecomunicações.
Ele ainda tentou negar o conteúdo de uma declaração que assinou em que dizia ter recebido ordens de Barzan Ibrahim, meio-irmão de Saddam e chefe de inteligência do seu regime, para assinar uma ordem para prender os envolvidos no atentado de Dujail.
"Eu não disse isso. Eu poderia muito bem estar assinando um papel em branco, porque estava sem meus óculos quando o juiz (Raed) Jouhi me encontrou", disse, referindo-se ao juiz chefe dos investigadores no Tribunal Especial Iraquiano.
O juiz o questionou sobre cartas manuscritas, apresentadas pela acusação no mês passado, que teriam sido escritas por ele para informar à polícia sobre as famílias em Dujail supostamente ligadas aos membros da oposição xiita que realizaram o atentado contra o ex-ditador –que acabaram em prisões e mortes.
Ruwayyid negou a autoria das cartas. ‘O Estado e os serviços de segurança não precisavam da ajuda de um empregado menor como eu.’
Ali Dayi Ali, outro membro do Baath, disse não ter lido o documento apresentado pelo juiz Jouhie negou estar envolvido no caso. Abdullah Kathim Ruwaid, pai de Mizhar (declarou ter 80 anos) e ex-comandante de uma força paramilitar, além e também ex-membro do Baath, negou ter envolvimento no caso.
As audiências devem se estender ao longo da próxima semana. O julgamento deve ser retomado amanhã (13).