Após 6 anos, Marisa Monte lança dois CDs simultâneos

Em 2002, Marisa Monte se juntou a Carlinhos Brown e a Arnaldo Antunes para gravar "Tribalistas", que saiu no ano seguinte. Engravidou, e a maternidade a afastou dos palcos. Agora, quatro anos depois e seis desde que saiu seu último CD solo, "Memórias, Crônicas e Declarações de Amor", ela volta com dois CDs: "Universo ao Meu Redor", dedicado ao samba, e "Infinito Particular", mais pop, o forte de seu trabalho.

"Fiquei três anos parada, sem turnê. Mas não sou uma pessoa ociosa, sempre estou procurando o que fazer. Uma delas era aprofundar o meu conhecimento no samba, e a outra era digitalizar o meu acervo de composições, que estava em fitas cassete. Isso me levou a esse repertório, que é bem distinto. E por que não fazer dois discos?", diz Marisa.

Cada um dos discos revela uma parte de Marisa. Em comum, ambos compartilham o tom intimista. "Lembro que para os dois produtores com quem trabalhei disse: ‘Quero um disco de menina’. Para ficar da maneira que havia imaginado. São trabalhos delicados."

A cantora conta que, depois de produzir o disco da Velha Guarda da Portela e o de Argemiro Patrocínio (bamba da Portela morto em 2003), percebeu que havia muitos sambas que eram conhecidos apenas pela "tradição oral". "Eu comecei, então, uma pesquisa, entrevistando pessoas ligadas ao samba. Compositores ainda vivos e suas famílias." Para completar, acrescentou canções –músicas dela e inéditas de Paulinho da Viola e Adriana Calcanhotto.

O disco traz sambas "elegantes", como define a cantora. Os arranjos são mais lentos e envolventes. E a voz de Marisa dá um tom diferente. No meio disso há até música em inglês, parceria com David Byrne, mas é "Vai Saber", de Adriana Calcanhotto, que mais cola no ouvido.

"Infinito Particular", o disco pop, parece sóbrio com sua capa preta, escondendo a delicadeza de seus arranjos. Parcerias com Seu Jorge e Marcelo Yuka aparecem entre as canções. "O Rio" é tão suave que chega a parecer Marisa entoando uma canção de ninar para seu filho. "Vilarejo", escolhida para tocar nas rádios, nos transporta a uma cidadezinha de interior. "Pra Ser Sincero" alia letra bonita à melodia mais rápida, e uma das que mais devem ser ouvidas é "Até Parece" –tem cara de trilha de novela da Globo.

A cantora considera esse disco o seu trabalho mais autoral. O álbum foi lançado ao mesmo tempo em Portugal, Espanha, México, Argentina e Colômbia e deverá chegar ainda a 38 países europeus e EUA. Marisa não se preocupa com vendagem nem tem expectativas devido ao sucesso dos Tribalistas.

"Expectativa existe por todo esse tempo que fiquei sem gravar. E não acho que sou corajosa por lançar dois trabalhos ao mesmo tempo. Para mim, a música vem em primeiro lugar. Senti que era hora de eles saírem. Não há nada que me impeça de lançar dois CDs ao mesmo tempo", avalia a cantora.

Fonte: Folha

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