“Veterana, ela é unânime em dizer que o público quer ver profissionais de todas as idades.”
A frase reproduzida acima, publicada na edição de ontem da “Gazeta de Alagoas”, está inserida num texto relativo aos profissionais de imprensa de longa carreira. Em foco, estava a “veterana” Sandra Passarinho, jornalista há mais de 30 anos.
Do ponto de vista gramatical, chama a atenção o emprego da palavra “unânime”. “Unânime” é aquilo que diz respeito a todos os integrantes de um determinado grupo. Assim, pode-se dizer que os professores foram unânimes em reconhecer as qualidades do aluno, o que quer dizer que todos os professores reconheceram as qualidades do referido aluno. Igualmente é possível afirmar que os magistrados foram unânimes em suas conclusões, isto é, que todos chegaram às mesmas conclusões.
Em suma, uma pessoa sozinha não pode ser “unânime” em algum assunto. A unanimidade pressupõe a opinião geral, a opinião de todos.
Outro cuidado que se deve tomar ao empregar essa palavra é o de evitar o pleonasmo em construções do tipo “todos foram unânimes em dizer…”. Se a palavra “unânime” se refere necessariamente a todos, dizer que “todos” foram “unânimes” constitui redundância. Bastaria dizer “eles foram unânimes”, por exemplo.
Abaixo, uma sugestão para reformular o texto selecionado:
Veterana, ela diz que o público quer ver profissionais de todas as idades.
Thaís Nicoleti de Camargo, autora dos livros “Redação Linha a Linha” (Publifolha), “Uso da Vírgula” (Manole) e “Manual Graciliano Ramos de Uso do Português” (Secom- Governo de Alagoas), apresenta o programa “Português Linha a Linha” na TV Pajuçara.