O Banco do Nordeste vem aumentando suas aplicações no setor de artesanato alagoano. Em cinco anos, foram mais de R$ 2 milhões liberados para os artesãos de Alagoas e, somente no ano passado, o BNB investiu quase a metade desse valor (R$ 840 mil).
O crédito beneficia desde o artesanato produzido nos centros urbanos até o indígena e o quilombola. Para entender melhor o artesanato nordestino, mapear suas tipologias, quantidade de pessoas envolvidas na atividade e a renda gerada pelo setor, o BNB analisa ainda a possibilidade de, até o final do ano, realizar um novo estudo em toda a Região, atualizando os dados dessa categoria que datam de 2002.
“A maior parte dos recursos é empregada na compra de insumos para a produção da peça artesanal, a exemplo de palha de coqueiro, resina, cola, tinta, tecido, madeira, etc. Mas o BNB também financia a aquisição de maquinário, loja para revenda dos produtos e outros artefatos que possam fazer parte da confecção e comercialização do artesanato”, esclarece o gerente de negócios da Agência Maceió-Centro do BNB, Joatan Gomes Costa.
Juros podem chegar a 1% ao ano
As linhas de financiamento variam dependendo do artesão residir e explorar sua atividade no setor urbano ou rural. Para os artesãos do meio rural, o BNB disponibiliza as linhas de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Segundo Joatan Costa, a maioria das operações para o setor é realizado com o Pronaf – Grupo B. “Esses recursos são bastante acessíveis, com juros de 1% ao ano. O financiamento vai até R$ 1.000,00 e pode ser feito com pessoa física que explore os insumos para o artesanato na zona rural”, destaca o gerente do BNB.
Já para os artesãos urbanos, o BNB dispõe do CrediAmigo, seu Programa de Microcrédito Orientado. Nesse caso, o artesão precisa formar um grupo de aval solidário, não havendo necessidade de apresentar garantias reais para o empréstimo. O financiamento vai de R$ 100,00 a R$ 8 mil, se destinado à capital de giro, ou de R$ 100,00 a R$ 3 mil, para investimento em maquinário ou reforma e melhoria do estabelecimento. Os juros são de cerca de 2% ao mês.
Se o artesão tiver uma empresa, a exemplo de loja que revenda o produto, ele pode realizar o financiamento pela linha FNE Comércio e Serviços, com encargos de 8,75% ao ano para microempresa até 14% ao ano para grande empresa. Sobre os juros incidem ainda bônus de adimplência de 25%, para empreendimentos localizados no semi-árido, e de 15%, para empreendimentos localizados fora daquela área.
Artesanato indígena e quilombola
A gerente do BNB de União dos Palmares, Tereza Ângela Morais, ressalta a diversidade do artesanato alagoano e diz que o BNB apóia desde artesãos do Mercado do Artesanato, em Maceió, até os quilombolas do povoado de Muquém, em União dos Palmares. “Os artesãos do Muquém são quilombolas que trabalham basicamente com artesanato em barro e já exportam para outros estados do Nordeste e até outros países. Os financiamentos para aquela comunidade foram no âmbito do Pronaf – B”, revela a gestora.
Os índios da Aldeia Wassu Cocal, de Joaquim Gomes, também são beneficiados pelo crédito do BNB. A contratação para o artesanato indígena foi realizada já nesse ano para compra de galão de cola fórmica, folha de papel Paraná e pincel.
Joatan Costa lembra ainda os artesãos de Jequiá da Praia, apoiados pelo crédito do Pronaf – Grupo B, que realizam trabalhos em palha de coqueiro, quenga de coco, conchas e mariscos. O artesanato da Ilha do Ferro, de Pão de Açúcar, também tem o incentivo do BNB. É um bordado genuíno da região, conhecido como Bordado Boa Noite, exportado, por meio da Ong Visão Mundial, para Argentina.