No dia em que é comemorado o Dia do Índio, Maria das Dores Oliveira, 42 anos, conhecida como “Maria Pankararu”, estudante do doutorado em Linguística da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), defendeu sua tese sobre a descrição da gramática, morfologia, sintaxe e fonologia da língua índigena Ofayé. Seu trabalho, contendo 262 páginas foi orientado pelas professoras Januaceli da Costa e Adair Palácio.
Maria Pankararu, como gosta de ser chamada, informou que sua meta é a publicação de um material didática e paradidático para utilização de sua tribo. “Minha proposta é o resgate, o a disseminação e o ensinamento da língua”, ressaltou a primeira índia doutora do país.
Em seu doutorado, Maria Pankararu realizou pesquisas sobre a língua ofayé. Atualmente, a língua é falada por onze membros da comunidade ofayé, localizada em Brasilândia, no estado do Mato Grosso do Sul, em risco de ser extinta. Maria explica, ainda, que a cartilha que será impressa e distribuída será um instrumento significativo para a correlação entre a língua oral e a escrita, facilitando assim, o aprendizado entre as crianças da comunidade.
Diante de uma banca formada por cinco professores doutores, que consumiu cerca de três horas de apresentação, no auditório da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Alagoas, e diante de um público de professores, alunos, familiares e convidados, a tese de linguística da Maria Pankararu recebeu nota máxima – 10.
Após analisado o trabalho, segundo avaliação da banca examinadora, foi atribuido a tese do doutorado o conceito “A” com destinção, ou seja, conceito máximo dado ao seu trabalho de pesquisa.
“Tudo que aprendi na Universidade Federal de Alagoas atribuo a responsabilidade dos professores e dos meus orientadores, que tiveram um papel relevante na minha formação”, agradeceu emocionada Maria Pankaru após o resultado.
Funcionária do quadro efetivo da Fundação Nacional do Índio (Funai), Maria Pankararu atuou por vários ano como professora em tribos indígenas. Durante seu doutorado, dedicava dez horas, em média, por dia na pesquisa para sua tese de linguística pela Universidade Federal de Alagoas. Hoje, passa a ser a primeira índia com título de doutora.