Um dos mais proeminentes cardeais da Igreja Católica, considerado um dos cotados na eleição do papa no conclave do ano passado, defendeu em um artigo publicado nesta sexta-feira na Itália o uso de preservativos por casais casados como forma de prevenção à contaminação pelo vírus da Aids.
Com suas declarações publicadas na revista L´Espresso, o cardeal Carlo Maria Martini, arcebispo aposentado de Milão, abre a possibilidade de uma mudança fundamental nos ensinamentos da Igreja Católica.
A posição oficial do Vaticano é que os católicos são proibidos de usar qualquer contraceptivo, incluindo camisinhas, em qualquer circunstância, mesmo para evitar a transmissão do vírus HIV entre parceiros casados.
A Igreja prega que a abstinência sexual é a melhor maneira de combater a doença, que no último ano foi responsável por 3 milhões de mortes em todo o mundo, em sua maioria na África subsaariana.
Mal menor
No artigo publicado pela revista L´Espresso, o cardeal Martini diz que a luta contra a Aids deve ser travada com todos os meios possíveis, e que o uso de camisinhas pode ser um mal menor.
Ele também toca em outro ponto polêmico dentro da Igreja Católica, sugerindo a possibilidade de que mães solteiras adotem crianças abandonadas.
O Vaticano não se pronunciou oficialmente sobre os comentários de Martini. As questões bioéticas, porém, vêm recebendo uma atenção crescente nos altos círculos do Vaticano, dos quais o ex-arcebispo de Milão é um membro importante.