O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci foi indiciado, nesta quinta-feira, pelo Ministério Público de São Paulo por quatro crimes relacionados a suas duas passagens pela prefeitura de Ribeirão Preto (1993-1996 e 2000-2002). Palocci responderá pelos crimes de lavagem de dinheiro, peculato, formação de quadrilha e falsidade ideológica.
O ex-ministro é acusado de inflar valores de contratos de coleta de lixo e limpeza pública com a empresa Leão e Leão e apenas aplicar parte na cidade. O Ministério Público suspeita que a maior parte dos recursos seria repassada à empresa, que lavava dinheiro com notas fiscais falsas e devolvia o dinheiro à prefeitura. O principal acusador do ex-ministro é o advogado Rogério Tadeu Buratti, ex-secretário de governo de Palocci na primeira gestão.
Buratti, que ocupou a vice-presidência da Leão e Leão, acusa Palocci de desviar R$ 50 mil dos contratos de lixo para o caixa do PT. Buratti também foi indiciado pelo Ministério Público por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha de São Paulo e chegou a permanecer alguns dias na prisão.
Buratti e outros diretores da Leão e Leão são acusados de formar a “máfia do lixo” através de um esquema de "oferecimento de favores" para vencer licitações em pelo menos 15 prefeituras de três Estados – São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina.
Durante o depoimento prestado hoje ao promotor Daniel José D’Angelis, do MP paulista, o ex-ministro respondeu a todas as perguntas e negou conhecimento do suposto esquema de corrupção nos contratos de licitação de lixo. “A gente imagina que ele possa ser o mandante, e a partir daí começamos a recolher as provas para que a teoria se concretize”, disse o promotor.
D’Angelis também disse não haver necessidade de ouvir o ex-ministro novamente e que até agora não há evidências no inquérito de que parte do dinheiro dos contratos de lixo tenha ido para o caixa do PT.
O ex-ministro ainda contou ao MP que os contratos de lixo eram geridos com total autonomia pela superintendente do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto, Isabel Bordini. Segundo D’Angelis, o próximo passo do inquérito será ouvi-la.
O advogado do ex-ministro Palocci, José Roberto Batocchio, contestou o indiciamento e acusou o MP de SP de praticar perseguição política. “ Se ele realmente for indiciado será uma heresia jurídica”, disse Batocchio após o depoimento.