O Banco do Nordeste volta a financiar a atividade de carcinicultura no Nordeste a partir da próxima semana. A decisão foi tomada após avaliação técnica que sinaliza a recuperação gradativa da competitividade do setor, que há dez meses estava sem atendimento para novos projetos de investimento (desde junho/2005). Os novos projetos podem ser financiados com prazo de até 12 anos, com até quatro anos de carência e são amparados com recursos oriundos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).
“Atualmente, com as medidas que estão sendo adotadas, como a introdução de novas linhagens, melhores práticas de manejo, biossegurança e respeito às condições ambientais, equiparação de tarifa de energia elétrica aplicada à agricultura irrigada e inovações no planejamento produtivo, a atividade evidencia não só a recuperação como a expansão do cultivo para outras áreas pouco exploradas, a exemplo do Maranhão”, explica o gerente do Ambiente de Políticas de Desenvolvimento Territorial, Haroldo Bezerra.
No período de 2000 a 2002, o Banco adotou política restritiva de financiamento à atividade. Pesquisa realizada pelo Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene) indicava a possibilidade de excesso de oferta do camarão, projetada a partir da quantidade de novos projetos, gerados a partir do sucesso alcançado pelos primeiros empreendimentos. Em 2003, o Banco retomou o financiamento, com base em estudos, acompanhamentos e em critérios estabelecidos na Resolução nº. 312/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Depois de um acentuado desenvolvimento ocorrido entre 1999 e 2003, quando a produção nacional evoluiu de uma produção de 15.000 toneladas para 90.190 t, o desempenho da atividade apresentou índices decrescentes a partir de 2004. Naquele ano, a produção foi reduzida a 75.904 t, uma redução de 15,8% em relação a 2003.
Em 2005, dados não oficiais indicam que a produção não superou 65.000 t, o que representa redução de 14% em relação ao ano anterior. Fatores como a incidência de enfermidades, redução de preços no mercado internacional e baixa do dólar levaram o Banco a adotar novas restrinções de financiamento (junho/2005). Hoje, após dez meses o Banco retoma os novos financiamentos na região Nordeste, que participa com cerca de 95% da produção nacional de camarão, e onde o Banco é responsável pela aplicação de R$ 59,4 milhões na atividade.