O pré-candidato do PMDB à Presidência Anthony Garotinho encerrou nesta quinta-feira a greve de fome, iniciada em 30 de abril, dizendo ter alcançado seus objetivos.
Garotinho anunciou a decisão ao lado da mulher, a governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB), no quarto do hospital onde estava internado desde a véspera.
O ex-governador, que perdeu 6,7 quilos no período, comemorou o direito de reposta, concedido pela Justiça, a acusações feitas pela revista Veja e pelo jornal O Globo.
"Quando iniciei a greve de fome, havia dito que estava fazendo isso em defesa da minha honra, que tinha sido atacada de forma cruel e desonesta", disse Garotinho a jornalistas. "Hoje considero que a minha honra está sendo lavada pela Justiça."
"O que não vou admitir é que esses órgãos tentem passar para a população que sou um Zé Dirceu ou um Palocci", disse, referindo-se aos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci, que deixaram o governo após terem seus nomes envolvidos em escândalos. "Não tenho fazenda, não tenho apartamentos. Moro na casa que herdei de meu pai. Levo uma vida humilde com minha família."
A greve de fome, que estava em seu décimo-primeiro dia, foi anunciada em protesto contra o que Garotinho, de 46 anos, chamou de perseguição política de órgãos da imprensa.
Garotinho cobrava espaço das Organizações Globo e da revista Veja para se defender de denúncias de que organizações não-governamentais (ONGs) ligadas ao governo do Estado do Rio de Janeiro estariam canalizando recursos públicos para a sua campanha.
Empresas de fachada teriam doado cerca de 650 mil reais à campanha do ex-governador, segundo a imprensa. Uma das empresas teria como um dos sócios um presidiário do Complexo Penintenciário de Bangu.
O direito de resposta obtido por Garotinho nesta quinta-feira se refere à denúncia de que ele teria usado um jatinho de um traficante para fazer suas viagens de campanha pelo país.
Apesar do fim da greve de fome, o ex-governador terá de passar as próximas 24 horas apenas tomando soro e pequenas quantidades de sucos de frutas. De acordo com o seu médico pessoal, Abdu Neme, após tanto tempo sem ingerir alimentos, o corpo precisa de uma adaptação suave para voltar a receber os diferentes tipos de nutrientes.
Neme relatou que, na noite de quarta-feira, Garotinho tomou uma pequena quantidade de água de coco, mas isso não teria caracterizado o final da greve de fome. O peemedebista já estava recebendo soro intravenoso.
A presença de Garotinho na pré-convenção do PMDB, que tentará definir no sábado se o partido lançará candidato próprio à Presidência, ainda é incerta. Embora o ex-governador esteja otimista, seu médico foi mais cauteloso.
Perguntado sobre qual seria o primeiro alimento que pretendia comer após o longo jejum, Garotinho falou em marmelada, dizendo que era o que os veículos de mídia tinham feito com ele.