Os atentados atribuídos ao PCC (Primeiro Comando da Capital) diversificaram os alvos nas últimas horas. Entre a noite de domingo (14) e a madrugada desta segunda-feira, criminosos incendiaram 61 ônibus na Grande SP e atingiram pelo menos dez agências bancárias.
Os ataques começaram na sexta-feira (12) e atingiram principalmente forças de segurança –delegacias, postos, veículos militares e policiais em trabalho ou de folga. Os números são imprecisos, já que a Secretaria da Segurança Pública proibiu outros órgãos, como o Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) de divulgar informações sobre os ataques, mas, ao mesmo tempo, não deixou nenhum funcionário de plantão para dar informações sobre os últimos atentados. A princípio, mais de 60 pessoas morreram até o início da madrugada desta segunda-feira.
Além das vítimas dos ataques, pelo menos 13 detentos foram mortos nas rebeliões que atingiram 80 penitenciárias, CDPs (Centros de Detenção Provisória) e cadeias públicas do Estado. A polícia prendeu mais de 80 pessoas suspeitas de envolvimento com os ataques. Com eles, 97 armas foram apreendidas.
Bancos
No final da noite de domingo, o delegado Godofredo Bittencourt e o comandante-geral da PM, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, já haviam comentado que atacar bancos era a nova estratégia do PCC para tentar demonstrar força. "A bronca deles não é somente contra os atos da polícia, existe uma insatisfação social. Estão fazendo esses ataques [aos bancos] para criar desequilibrio social e econômico. Pode, daqui para frente, ter um cunho político", disse Bittencourt.
Os criminosos atiraram contra um Banco do Brasil da rua Bom Pastor, no Ipiranga (zona sul), outro Banco do Brasil na rua São Silvestre, em Heliópolis (zona sul), duas agências (do Bradesco e da Caixa Econômica Federal) na avenida São João Clímaco (zona sul) e um Banco do Brasil na avenida Campanela, em São Miguel (zona leste).
Em outras agências, os criminosos preferiram provocar incêndios utilizando coquetéis molotov. A tática foi usada em um Itaú na avenida Francisco Morato, na Vila Sônia (zona oeste), e em outro Itaú instalado na rua do Tesouro, no centro de Taboão da Serra (Grande São Paulo). Outra agência do mesmo banco foi incendiada na alameda Vicente Pizon, na Vila Olímpia (bairro nobre na zona sul de São Paulo).
Na mesma rua, os criminosos atacaram um prédio comercial e ainda tentaram atingir uma testemunha, sem sucesso. Um coquetel molotov foi atirado num Unibanco da avenida Nazaré, no Ipiranga, mas o vigia conseguiu deter o princípio de incêndio com um extintor. Uma agência do HSBC foi incendiada na estrada de Itapecerica, no Capão Redondo (zona sul).
Ônibus
Os bombeiros registraram 61 ônibus incendiados na Grande São Paulo: 42 na capital (a maioria na zona sul), 14 no ABC (a maior parte em Diadema), três em Guarulhos e dois em Osasco, entre a tarde de domingo e a madrugada de segunda. Duas empresas de ônibus da zona sul recolheram as frotas mais cedo por causa dos ataques. Em Campinas (95 km a noroeste da capital) e Hortolândia (105 km), os ataques queimaram cinco ônibus entre 20h40 e 0h15.
As ações são uma resposta à decisão do governo estadual de isolar líderes da facção. Na quinta-feira (11), 765 presos foram transferidos para a penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km a oeste de São Paulo), com a intenção de coibir ações promovidas pela facção.
No dia seguinte, oito líderes foram levados para a sede do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), em Santana (zona norte de São Paulo). Entre eles estava o líder da facção, Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola. No sábado, ele foi levado para a penitenciária de Presidente Bernardes (589 km a oeste de São Paulo), considerada a mais segura do país. Na unidade, ele ficará sob o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), mais rigoroso.
Com Folha de S.Paulo e Agência Folha