A Câmara absolveu hoje mais um deputado acusado de receber dinheiro do "valerioduto". Vadão Gomes (PP-SP) teve o mandato preservado por 243 votos favoráveis à absolvição, 161 contrários, 1 nulo, 4 em branco e 16 abstenções. Agora somam 11 os deputados acusados de envolvimento com o "mensalão" que conseguiram se livrar da cassação.
Assim como os demais absolvidos, Vadão foi beneficiado pelo esvaziamento da sessão. Apenas 425 deputados votaram, de um total de 513. Foi o quórum mais baixo registrado até agora.
Vadão já tinha sido absolvido pelo Conselho de Ética da Câmara. O relator do processo, deputado Eduardo Valverde (PT-RO), não encontrou provas de que o deputado tenha sido beneficiado pelo esquema do "mensalão".
A acusação contra o progressista partiu do próprio empresário Marcos Valério Souza que disse que havia repassado ao deputado R$ 3,7 milhões em dinheiro vivo.
Confiante na absolvição, o deputado dispensou os 40 minutos a que tinha direito para se pronunciar no plenário. Em menos de cinco minutos, Vadão disse que era inocente e que esperava dos deputados que seguissem a recomendação do Conselho de Ética. Depois do "pronunciamento", foi à fila de votação para pedir que os deputados votassem "sim" a favor do arquivamento do processo.
Parlamentares da oposição acusaram o PT e o PP de fazerem um acordo para salvar os "mensaleiros". "É marmelada pura", criticou o deputado João Fontes (PDT-SE). O presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), disse que a denúncia foi encaminhada ao Ministério Público e que agora cabe à justiça e ao eleitorado julgar o deputado. "Espero que [os mensaleiros] sejam punidos pela população nas eleições", afirmou.
Encerrado o processo de Vadão, a Câmara agora só tem mais um caso para julgar referente ao escândalo do "mensalão". O deputado José Janene (PR), ex-líder do PP, é acusado de receber R$ 4 milhões do esquema ilegal. Ele nega a denúncia. Janene irá depor ao Conselho de Ética na próxima semana. O processo só deve ir ao plenário na segunda semana de junho.