Para o vereador Judson Cabral (PT), que está na terceira legislatura, a população brasileira ainda não estaria preparado para participar de uma mudança desse tipo. No entender do petista, o voto distrital é um processo muito avançado. “O voto distrital teria uma maior independência se houvesse maior consciência partidária, por parte da população. É um voto muito avançado, e nesse aspecto iria privilegiar os caciques políticos e favorecer aos currais eleitorais”, analisa.
O analista político Alberto Saldanha observa que essa questão levantada pelo vereador Judson Cabral, reforça a tese de que é preciso mais participação e engajamento da sociedade, na vida partidária. “Ora, se o partido é controlado por cacique, a idéia é fazer com que as comunidades participem mais da atividade partidária. Discuta os problemas, as questões partidárias em todas as instâncias”, observou Saldanha.
Ele ressalta que dentro da proposta do voto distrital misto o processo eleitoral se torna igualitário, possibilitando às lideranças comunitárias, mais próximas dos problemas e da realidade da região, consigam participar do pleito e representar a comunidade nas câmaras municipais.
“Sem contar que proporciona uma relação de aproximação e maior cobrança por parte do eleitor com o político. Mas para isso, eu acho que deve haver uma reforma política mais ampla, como já falei anteriormente”, reforça Saldanha. Porém, Cabral avalia que o voto misto iria dar uma maior equilíbrio. “Mas deveria vir acompanhado de uma reforma partidária. Por enquanto, eu sou adepto do voto universal”, completou o parlamentar.
"Coerência"
O vereador José Márcio (PTB), na segunda legislatura, avalia que os aspectos que norteiam o voto distrital "é de muita coerência porque atende, realmente, aos anseios das comunidades". "Mas é necessário que se faça um estudo bem delineado, para que mais tarde não venhamos a ter problemas", comentou. "Precisamos estudar como seria a reação da população. A idéia é maravilhosa. Mas necessário se faz ensinar a população e aos políticos o verdadeiro sentido da questão", reforça José Márcio.
Europa
Em vários países da Europa e também nos Estados Unidos o sistema do voto distrital tem sido, há muito tempo, utilizado no processo de escolha dos parlamentares. A exemplo da Alemanha, da Itália (onde até 1993, o voto era proporcional, como no Brasil).
Também no Reino Unido, os 651 membros do Parlamento britânico são eleitos por voto distrital. Na França, o voto é distrital puro, mas há dois turnos na eleição dos deputados. Já nos Estados Unidos, a Câmara dos Representantes possui 435 membros, escolhidos pelo sistema distrital puro.