De acordo com o procurador geral de Justiça, Coaracy Fonseca, a Operação Mata do Rolo – desencadeada no dia 31 de janeiro deste ano, em Rio Largo – terá continuidade na cidade de Maceió e chegará a autoridades que atuam na capital alagoana. Conforme Fonseca, as investigações feitas pelo Ministério Público de Alagoas apontam que a rede criminosa possui mais abrangência do que se pensava, nas operações realizadas a partir das primeiras informações colhidas.
O procurador geral da Justiça faz questão de manter em sigilo no nome das autoridades, que segundo fontes podem até se tratar de magistrados. “Não posso confirmar nada ainda. Os trabalhos estão sendo realizados. O que posso dizer é que são autoridades públicas influentes em Maceió”, colocou Coaracy. Indagado sobre a possibilidade de magistrados, o procurador não afirmou, mas também não negou a informação.
Coaracy Fonseca disse ainda que os envolvidos na Operação Mata do Rolo – entre eles o coordenador de finanças da Prefeitura de Rio Largo, Ricardo Scavuzzi, marido da atual prefeita da cidade – tentaram desqualificar o depoimento da testemunha chave ouvida pelo MP. “Não temos apenas o depoimento de uma única testemunha, mas estamos embasados em provas documentais e testemunhais”.
Coaracy Fonseca deixou a entender que a testemunha ouvida pelo MP conhece os meandros da suposta quadrilha que atuava em Rio Largo e da participação de membros da família Pagão, incluindo o vereador Júnior Pagão, por estar envolvida em algumas atuações do bando. “Esta família Pagão está acostumada a agir com a lei do terror em Rio Largo, há anos. Claro que não são todos os membros dela, mas alguns em específico já foram citados e é de domínio de todos quem são eles”, colocou.
Na Operação Mata do Rolo, 13 pessoas foram presas e se juntaram com algumas que já estavam detidas e possuíam ligação com o crime organizado em Rio Largo. “A rede criminosa se estende. Vale ressaltar, neste trabalho a forma como delegado Marcílio Barenco conduziu as coisas”, disse. Ao todo a Polícia Civil cumpriu 17 mandatos de busca e apreensão.
O preso mais ilustre, Ricardo Scavuzzi, está em liberdade. Ele teve sua preventiva decretada por duas vezes – uma por envolvimento em um incêndio no prédio da Prefeitura Municipal e a outra pela morte de um mendigo. Scavuzzi pode responder ainda por ter ameaçado uma promotora no Fórum de Rio Largo. Conforme Coaracy, a quadrilha é responsável por seqüestros, crimes contra a ordem tributária, assaltos e corrupção.
Com a chegada da Operação Mata do Rolo em Maceió, o Ministério Público pretende fechar um cerco, que pode envolver deputados alagoanos. Uma das testemunhas ouvidas pelo MP citou o nome do deputado estadual Gilberto Gonçalves. Coaracy não quis revelar em que contexto o nome do deputado foi citado, mas confirmou que ele aparece nos depoimentos.
“Ele não é colocado com um dos financiadores da quadrilha, mas o nome dele aparece dentro de um contexto qualquer”, explicou. Tanto Ricardo Scavuzzi e Gilberto Gonçalves negam envolvimento com o crime organizado.