Em Maceió, para participar do Congresso da Sociedade Norte-Nordeste de Cardiologia, está um dos médicos brasileiros mais conhecidos no mundo. A “Operação Batista” ou a “Técnica Batista” é fruto das pesquisas e ousadia do cirurgião Randas José Vilela Batista, que conta como fez as descobertas, em um exemplo de vida contagiante.
Para se ter uma idéia da importância das descobertas do cardiologista, o site de buscas mais utilizado, o Google, associa ao nome do médico 535 páginas da internet – não só do Brasil, mas de vários locais do mundo, como o Japão.
Paralelo a essa “fama”, está um homem simpático, amante das causas difíceis e que se identifica com as camadas mais pobres e humildes da população. “Eu poderia estar trabalhando em outros locais, para pessoas ricas, mas eles têm outros médicos, e a população pobre, muitas vezes só tem uma opção de médico. Gosto de desafios, de trabalhar com a população carente, onde sinto que estou exercendo a Medicina e me realizo porque é onde existem os mais diversos tipos de patologias”, explicou.
Vindo de uma temporada de dois anos na Amazônia, trabalhando com os índios, Randas Batista se prepara para residir no extremo Sul da Bahia, no município de Teixeira de Freitas, onde será construído um grande hospital. “O projeto já está pronto e a capacidade de atendimento será de cerca de quatro milhões de pessoas, vindas da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais”.
História
Natural de Curitiba, Randas Batista cursou medicina na Universidade Federal do Paraná e estudou mais 12 anos nos Estados Unidos, onde se especializou em cirurgias cardiovasculares.
Mesmo com a opção de continuar morando no exterior, Randas Batista voltou ao Brasil, onde trabalhou no hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, que fica cerca de 40 quilômetros de Curitiba. Foi lá – em um local que até então não tinha muitos recursos – que o cardiologista descobriu a solução para o problema da insuficiência cardíaca em crianças e adultos. “Descobri que se diminuir o tamanho do coração, a função cardíaca melhora. Para isso, foram necessárias duas coisas, duvidar da palavra impossível e tentar fazer”, diz o médico, que aplica com sucesso a nova técnica, há 23 anos.
Conhecida também por “técnica do nhaco”, o procedimento cirúrgico salvou cerca de três a quatro mil vidas em todo o mundo, avalia o médico. “Não é só evitar a morte, mas dar às pessoas qualidade de vida. Os maiores desafios da área médica são aliviar a dor, evitar a morte e tratar os doentes para que eles tenham mais qualidade de vida”, explica.
Pelas descobertas, que inclui também um novo tratamento para crianças que precisam operar o pulmão e o coração, Randas Batista foi o único brasileiro entre os dez médicos escolhidos para uma edição especial da revista Times, em 1998, quando foram publicados os “heróis da medicina”.