Em um dos jogos mais movimentados da Copa do Mundo até aqui, brilhou a estrela do australiano Tim Cahill. Recém recuperado de contusão, ele entrou no segundo tempo e marcou dois gols na virada da Austrália sobre o Japão por 3 a 1, nesta segunda-feira, em Kaiserslautern, na abertura do Grupo F, que tem ainda Brasil e Croácia.
O jogo era considerado de vida ou morte pelas duas partes. Ambas equipes, bem como a Croácia, praticamente abdicaram do primeiro lugar do grupo, colocando o favorito Brasil antecipadamente neste posto. Por isso, a briga dos três é pelo segundo lugar do grupo – e a Austrália saiu na frente, complicando a vida dos "Samurais", como é conhecido o time do Japão.
Com a vitória, os australianos chegam aos três pontos ganhos e passam a vislumbrar com mais nitidez a vaga nas oitavas-de-final da Copa do Mundo. Já os japoneses ficam em situação complicada, pois precisarão tirar pontos do Brasil ou ganhar bem da Croácia, além de torcer contra os "Soceroos", para continuar sonhando com a fase final da Copa do Mundo.
O Japão contou praticamente com sua força máxima: o único desfalque foi o lateral Akira Kaji, que se lesionou após sofrer uma entrada dura do alemão Bastian Schweinsteiger – classificada como "uma desgraça" por Zico – em amistoso preparatório entre as duas equipes.
Já o técnico Guus Hiddink fez uma alteração de última hora na Ausrtrália. O meia Tim Cahill, um dos destaques da equipe e titular do Everton, da primeira divisão inglesa, foi barrado por não se recuperar plenamente de uma lesão no joelho e começou no banco. Wilkshire entrou em seu lugar.
O Japão, agora, se prepara para pegar a Croácia no dia 18, em Nuremberg. No mesmo dia, os australianos encaram a seleção brasileira, às 13h, em Munique.
O JOGO
Se antes do jogo o técnico Guus Hiddink reclamou da fama de violentta da seleção australiana, com 1min de jogo o meia Bresciano tratou de dar razão às críticas, dando uma pancada em Hidetoshi Nakata na beira da área. Na cobrança, o meia japonês a Nakamura desperdiçou boa chance, chutando na barreira.
A resposta australiana veio com 5min de jogo. O capitão Viduka recebeu em velocidade e bateu cruzado, de pé esquerdo, da beirada da pequena área, para boa defesa de Kawaguchi. Na sobra, ele próprio bateu de pé direito, mas o goleiro japonês defendeu novamente no reflexo e mandou para escanteio.
Movimentado, o jogo teve um ritmo veloz, apesar do calor em Kaiserslautern. As duas equipes buscavam o ataque – a Austrália centralizando as jogadas em Viduka, o Japão buscando trocas de bola em velocidade.
Aos 12min, Fukunishi aproveitou contra-ataque rápido e bateu com firmeza, de fora da área, por cima do gol de Schwarzer. bresciano deu o troco aos 14min, ao receber bola rolada da direita e finalizar de primeira, também sobre o gol de Kawaguchi.
Então o jogo caiu de ritmo, e a Austrália passou a dominar a posse de bola, mas sem assustar a meta japonesa. No entanto, quem assustou foi o Japão, aos 21min. O lateral brasileiro naturalizado Alex Santos avançou em diagonal e tocou para Takahara. Ele deu um corte que deixou Chipperfield no chão e bateu colocado no canto direito de Schwarzer, mas a bola foi por pouco para fora.
Aos 23min, a Austrália teve outra boa chance. Viduka, inspirado, dominou a bola na entrada da área e tocou de calcanhar para Bresciano, que chutou rasteiro, colocado, mas Kawaguchi espalmou.
O jogo estava equilibrado, mas aos 26min, o Japão abriu o placar com um gol polêmico: Nakamura cruzou na área; o goleiro Schwarzer tentou sair para cortar, mas se chocou com Takahara e passou batido, vendo a bola pingar na pequena área e entrar lentamente no gol. Os australianos reclamaram fervorosamente uma falta do japonês em seu arqueiro.
Um minuto depois, o australiano Kewell quase empatou no que seria um belo gol. Ele avançou pela direita, cortou para o meio e soltou um chute violento de pé esquerdo, mandando a bola centímetros acima do travessão de Kawaguchi.
O jogo seguiu quente, e aos 32min Yanagisawa avançou pela direita e bateu cruzado, mas sem direção. A partir daí, o jogo continuou igual. As duas equipes, quando em posse da bola, passaram a trocar passes em busca de brechas do rival, mas não conseguiram criar oportunidades claras de gol até o fim do primeiro tempo.
As equipes voltaram para a segunda etapa sem alterações, e o jogo demorou a engrenar. Somente depois dos 10min de jogo o Japão chegou a assustar a Austrália, em lance que Schwarzer saiu do gol para interceptar lançamento, mas colocou a bola nos pés de Nakamura, que perdeu boa chance.
Guus Hiddink tentou mandar a Austrália a frente colocando Cahill no lugar de Bresciano e o meia-atacante grandalhão Kenneddy, de 1m92, no lugar do zagueiro Moore. E ele sofreu falta aos 23min a menos de um metro da grande área. Na cobrança, Viduka chutou com violência no canto baixo direito de Kawaguchi, que fez uma defesa sensacional.
O Japão se perdeu em campo, e só a Austrália jogava. Aos 25min, o mesmo Kenneddy tentou bater de pé esquerdo, mas chutou fraco e o goleiro japonês pegou. Pouco depois, Kewell fez boa jogada pela direita e cruzou rasteiro, mas Viduka não conseguiu arrematar.
A partida seguiu com o mesmo panorama: a Austrália buscando o gol de empate desesperadamente, e o Japão se limitando a contra-ataques, especialmente pela ponta direita.
De tanto insistir, a Austrália chegou ao gol de empate aos 38min: após lateral cobrado na área por Neill, o goleiro Kawaguchi – destaque japonês até então – saiu mal do gol e viu a bola passar. Na sobra, Cahill bateu rasteiro no meio da confusão para marcar o primeiro gol australiano em Copas.
O mesmo Cahill acertou uma bomba de fora da área para virar o jogo quatro minutos depois, e Aloisi marcou o terceiro para sacramentar a vitória australiana.