“Os jogadores não foram mercenários”, defende Parreira

Em entrevistas separadas para dois grupos de jornalistas, o técnico Carlos Alberto Parreira admitiu neste domingo, em Frankfurt, que não fez os astros da seleção brasileira atuarem coletivamente, como uma equipe entrosada. Porém, um dia depois de perder para a França e ser eliminado da Copa nas quartas-de-final, o treinador continuou se recusando a considerar fraca a campanha do Brasil.

"Nós poderíamos ter jogado mais do que jogamos, mas também não foi nenhum desastre. Vencemos quatro dos cinco jogos", falou Parreira, antes de admitir a falta de jogo de equipe dos atletas mais exaltados do mundo. "Queríamos ter jogado mais coletivamente. Mas, com esses jogadores, é complicado. São talentos puros. Para colocá-los dentro de um sisitema, demora muito, demanda paciência. E uma Copa do Mundo não te dá esse tempo. Futebol não é esporte individual, é um esporte coletivo. Vários fatores podem interferir no resultado final".

Na visão de Parreira, o oba-oba criado em torno da seleção antes da Copa é que faz com que a avaliação seja de que a campanha brasileira foi ruim. Para ele, o time perdeu, mas lutou até o fim.

"A expectativa criada foi muito grande. Ficaram cobrando a expectativa, não à realidade. Os jogadores não foram mercenários, não foram apáticos. A França estava mais presente, mas não faltou empenho, não faltou vontade. Se não, não teríamos nem chegado às oitavas", defendeu Parreira.

Com isso, Parreira pediu que Ronaldinho não seja crucificado por não ter brilhado na Copa como se esperava.

"Não podemos estigmatizar o Ronaldinho. Lembrem-se do que aconteceu com o Dunga em 1990: precisamos recuperá-lo em 1994. Ronaldinho não é o melhor do mundo por acaso. Não é porque não rendeu o esperado que deixou de ser excelente. Vamos precisar muito dele no futuro".

Apesar de admitir o erro coletivo, Parreira não se arrepende de como a preparação foi feita, sem amistosos com equipes de melhor nível e com um acompanhamento intenso e constante da mídia.

"O time saiu unido do Brasil. Mas não aguentaríamos se tivessemos só jogado na preparação. Precisávamos treinar, recuperar jogadores que chegaram desgastados. Fizemos aquilo que era possível ter feito. Dentro do que estava previsto, o trabalho foi bem feito, bem elaborado. Gerou um ‘Big Brother’ enorme, vocês acompanharam tudo o que foi feito. Não me arrependo das coisas que foram feitas, me arrependo do resultado."

Mais abatido que no sábado, Parreira procurou dizer que estava triste, mas tranqüilo. "Ficamos muito tristes. Tanto quanto qualquer pessoa no Brasil, queríamos chegar à final. Não me preparei para este momento. Não me preparo para perder".

Ele repetiu que não tem nada definido sobre permanência ou saída da seleção. Mas sabe que as mudanças são inevitáveis.

Fonte: Uol

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