O julgamento do ex-tenente PM José Luiz da Silva Filho, acusado de participar do assassinato do coordenador de Arrecadação da Secretaria da Fazenda, Sílvio Vianna, foi adiado para novembro. O crime ganhou repercussão nacional nesta semana, com a publicação de uma reportagem – capa – da revista Isto É, onde o ex-soldado Garibalde acusa o deputado João Lyra (PTB), de ser o autor intelectual do assassinato, em outubro de 1996.
O nome do ex-militar foi citado durante o julgamento do tenente-coronel Manoel Cavalcante e do ex-PM Garibalde Santos Amorim, outros dois acusados de participar do assassinato. “Ele respondeu pelo caso e foi impronunciado. Depois que foi citado pelo ‘Sombra’, o promotor pediu que ele fosse impronunciado, mas o juiz mandou que o júri decidisse e ele foi pronunciado”, lembrou o advogado José Fragoso.
O ‘sombra’, José Antônio dos Santos, teria trabalhado como assessor de Cavalcante, quando o ex–militar estava em campanha pela prefeitura de Santana do Ipanema.
Silva Filho, que hoje é pastor evangélico no presídio Baldomero Cavalcanti, foi condenado por participar do assassinato do delegado Ricardo Lessa, crime ocorrido no dia 9 de outubro de 1991, quando também foi morto o policial civil Antenor Carlota, que estava no mesmo carro. Pelo crime, José Luiz foi afastado da Polícia Militar e responde em liberdade condicional.
Pelo assassinato de Sílvio Vianna, o ex-PM está preso há cerca de dois anos e deveria ter sido julgado no dia 26 de abril, no Fórum Desembargador Jairon Maia Fernandes. No dia, o promotor, Marcos Mousinho, participava de um outro júri, em Palmeira dos Índios, razão pela qual o juiz da 9ª Vara Criminal, José Braga Neto, remarcou o julgamento para esta tarde. A sessão foi adiada novamente – desta vez para o dia 30 de novembro – a pedido do advogado de defesa, José Fragoso, que alegou motivo de doença.
Caso Sílvio Vianna
O coordenador de Arrecadação Tributária foi morto com vários tiros no dia 28 de outubro de 1996, em Ipioca. O Dia do Funcionário Público também foi a data da morte do fazendeiro José Fernandes Costa, Fernando Fidélis, que foi assassinado no ano passado, dentro do presídio, onde cumpria pena por participação no crime.
O assassinato de Sílvio Vianna tinha como mandantes intelectuais o ex-tenente-coronel Manoel Cavalcante (preso em Pernambuco), e o soldado Garibalde (preso sob proteção da Justiça), nomes apontados pela testemunha Ebson Vasconcelos, o Êto, que foi assassinado em 2002.
Nesta semana, Garibalde deu entrevista ao repórter Hugo Marques, da revista Isto É, e apontou quem seria o verdadeiro autor intelectual do crime. “Quem mandou matar foi o deputado federal João Lyra. (…) Por causa dos débitos das usinas, milhões de reais”, afirma.
Garibalde ainda disse que, para inocentar Lyra, recebeu R$ 48 mil, pagos em três pacotes de R$ 16 mil. O dinheiro passeou pelas contas do irmão do ex-soldado, Alberto Santos de Amorim, e da mãe, a dona-de-casa Genilda Santos de Amorim
O depoimento de Garibalde serviu para o juiz de Execuções Penais, Marcelo Tadeu, fazer um dossiê, que entregou a presidente do Supremo Tribunal Federal, Ellen Gracie.
Defesa
O deputado federal João Lyra (PTB) lidera as pesquisas de intenção de voto para governador, junto com Teotônio Vilela (PSDB). Em defesa das acusações, Lyra diz que elas também foram levantadas em 2002 e 2004, também em períodos eleitorais.
“Se pensam que podem me desestimular da minha posição de tirar Alagoas do atraso, podem tirar o cavalo da chuva”, retrucou o candidato.
Meus adversários não querem que o Estado cresça. Eles não pensam no bem-estar do nosso povo. Eles querem que Alagoas continue no atraso. Mas eles não vão conseguir. A minha candidatura pertence ao povo do meu Estado”, finalizou.