A mudança no perfil da ocupação no Brasil é um dos fatores que contribuíram para a elevação no número de empregos com carteira assinada entre os anos de 2000 e 2005. A conclusão é do professor de economia da Universidade de Brasília (Unb), Roberto Piscitelli.
Para ele, boa parte do aumento no período, de 5,4 milhões de postos em números absolutos, se deve à conversão em ocupação registrada dos empregos de trabalhadores que não tinham carteira assinada. “Este já é um aspecto importante para o início de discussão”, analisou.
O professor acrescentou que, embora o desempenho do país tenha ficado aquém do que seria desejável, houve crescimento econômico, ainda que modesto, na comparação com outros países emergentes. “Cerca da metade da taxa média dos últimos anos”, disse.
Para o especialista, é necessário prestar atenção também que até 2004, houve queda da renda real média do trabalhador, o que começou a ser revertido a partir de 2005.
Piscitelli destacou outro fator que pode explicar o aumento de empregos formais no país: as empresas tiveram que se organizar mais, para participar do mercado. Por conta das exportações, precisaram ter um padrão administrativo e contábil diferente daquele voltado apenas para o mercado interno.
O economista reconheceu, porém, que a “indiscutível” expansão no número de empregos não impediu a “relativa deterioração do nível salarial no mesmo período”.