Pacientes sofrem em filas de espera no 1° Centro de Saúde

Alagoas24Horas"Eu tenho trombose, não posso ficar muito tempo em pé e toda vez que eu venho, passo cerca de duas horas na fila", afirmou a dona de casa, Maria Bernadete, de 55 anos

"Eu tenho trombose, não posso ficar muito tempo em pé e toda vez que eu venho, passo cerca de duas horas na fila", afirmou a dona de casa, Maria Bernadete, de 55 anos

“Humilhação”. Com apenas uma palavra o vigilante Paulo Marcos de Oliveira define a situação a qual são submetidos na porta do 1° Centro de Saúde, enquanto esperam para marcar consulta ou serem atendidos pelos médicos. São filas gigantescas que começam a se formar ainda durante a madrugada.

Há pessoas que dizem chegar ao Centro de Saúde – localizado na Praça das Graças, no bairro da Levada – por volta das 4 horas da manhã e mesmo assim não conseguem ser atendidos, porque acabam as fichas. “Quando você consegue ser atendido, só marca a consulta para um mês depois. No meu caso, o médico faltou. Eu voltei para fila para remarcar e passei 60 dias para conseguir ver a cara do médico”, coloca Paulo Marcos de Oliveira.

O vigilante ressalta ainda que sua situação ainda foi boa por ter amigos dentro da unidade de saúde. “Pior é quem não tem conhecimento. Conheço pessoas que estão há três meses a espera de um médico”. A distância compreendida entre o último lugar da fila e a porta de entrada do 1° Centro de Saúde – conforme os pacientes – às vezes leva mais de três horas para ser percorrida.

“Eles ainda atendem mal a gente. Acha que somos obrigados a saber tudo. Vim pedir informações sobre um exame de sangue e o vigilante do Posto de Saúde só faltou me chamar de burra, porque eu não sabia que era aqui. Eu tive que enfrentar fila para ter esta informação”, destaca uma dona de casa, que pede para não ser identificada.

A situação sempre se agrava para quem mais precisa. É o caso da dona de casa Maria Bernadete, 55. “Eu fui premiada logo no início e consegui marcar o médico com 15 dias. No entanto, eu tenho trombose e não posso ficar muito tempo em pé. Toda vez que eu venho, eu passo cerca de duas horas na fila, esperando ser atendida. Houve um dia em que choveu e eu tive que sair correndo para escapar da chuva e depois voltar correndo para a fila senão perdia o meu local. Não há ninguém que organize, que dê prioridades. Onde estão os responsáveis numa hora destas?”, coloca.

“Cheguei de madrugada, na semana passada. Ainda bem que consegui ser atendida e marcar o meu médico para hoje”, diz Maria Bernadete. O tumulto no local se deu depois do início da reforma do Hospital José Carneiro, onde anteriormente os pacientes eram atendidos. A estrutura do 1° Centro de Saúde é do município de Maceió, mas está sendo utilizada pelo Governo do Estado de Alagoas.

Versão oficial

De acordo com o reitor da Universidade das Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), André Falcão,os atendimentos que estão sendo feitos no 1° Centro de Saúde são “extremamente provisórios e em dezembro já devem voltar à estrutura do hospital”.

“Nós sabemos dos transtornos que causam, ainda mais no local, porque está havendo mudanças no trânsito e obras da Prefeitura Municipal por lá. Sabemos dos problemas e estamos buscando corrigir, tanto que instalamos um serviço de ouvidoria, que as pessoas podem ligar. O problema é que no nosso povo não há a cultura da reclamação”, colocou.

Falcão destacou ainda que é com base nas informações prestadas pelo paciente e pela ouvidoria que está “trabalhando formas de amenizar o transtorno”. “Quanto aos problemas dos pacientes ficarem na chuva, por exemplo, estamos providenciando um toldo. Vamos tentar reduzir estas questões das filas, marcando as consultas pela manhã e pela tarde, todos os dias. Soubemos de duas pessoas que foram assaltadas na fila de espera, comunicamos a Guarda Municipal e a SMTT (Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito) para aumentar o efetivo no local”.

André Falcão diz ainda que tem se preocupado com a logística de atendimento no local. “Disponibilizamos até um carro, para as pessoas que estão desinformadas e procuram o Hospital José Carneiro ao invés de ir direto ao Centro de Saúde. Estamos minimizando este transtorno. Agora, é preciso que nos mantenha informados. Ressalto o trabalho da ouvidoria”, destacou.

Um outro problema a ser enfrentado pelo diretor da Uncisal é o fato de ter que desocupar o 1° Centro de Saúde até dezembro, por conta da decisão do poder municipal, responsável pela estrutura. O fato se agrava quando dentro dos R$ 15 milhões enviados pelo Ministério da Saúde, não está prevista a construção do ambulatório, local que atenderia as pessoas que “provisoriamente” são atendidas pelo 1° Centro.

Falcão explica que as obras estão sendo realizadas o mais rápido possível. “Vamos resolver tudo até dezembro”, diz. Quanto às verbas, o diretor informa que o ambulatório está previsto dentro da contrapartida do Governo do Estado e não há grandes motivos para preocupação.

Ouvidoria

A ouvidoria citada por André Falcão não está conseguindo atender os pacientes. Motivo: com a reforma do José Carneiro, as linhas foram todas desligadas. A informação é confirmada pelos funcionários que trabalham na ouvidoria. Algumas pessoas até que tentam ligar para reclamar, mas não conseguem. A única forma de falar com os ouvidores é se deslocando até a Uncisal, ou para o 1° Centro de Saúde, onde se encontra uma sala da ouvidoria.

Reclamação com os ouvidores, só pessoalmente. A assessoria de imprensa do Hospital José Carneiro também confirmou o desligamento das linhas telefônicas para reforma. No entanto, ressalta a condição provisória do trabalho e diz que o sistema adotado pelo hospital de atender a reclamações é referência nacional, inclusive sendo adotado por outras instituições de saúde.

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