A aviação israelense lançou dois ataques aéreos nesta segunda-feira contra um posto de controle na fronteira entre Líbano e Síria. A ação, que deixou cinco feridos [entre eles quatro funcionários da fronteira e um civil], quebra a promessa israelense de manter um cessar-fogo aéreo por um período de 48 horas.
O governo israelense anunciou a trégua temporária após ser duramente condenado pela comunidade internacional devido a um ataque contra o sul do Líbano que matou 56 civis neste domingo. Entre os mortos do ataque a Qana, há 37 crianças.
Os ataques aéreos seriam uma ação de apoio às incursões terrestres para enfraquecer as bases do grupo terrorista Hizbollah, que lançou novos foguetes contra o norte de Israel, nesta segunda-feira. Os foguetes do Hizbollah não deixaram vítimas.
"A batalha continua. Não há cessar-fogo, nem haverá nos próximas dias", disse o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert.
Milhares de civis libaneses tentam deixar o sul do Líbano o mais rápido possível. Nesta segunda-feira, equipes de resgate encontraram 28 corpos soterrados em prédios destruídos por ataques aéreos israelense contra três vilarejos no sul do país, segundo informações da Cruz Vermelha.
Nesta segunda-feira, o Exército israelense realizou uma nova incursão terrestre no sul do Líbano, na cidade de Aita al Shaab. Segundo o Exército, foi a primeira vez que tropas israelenses atuaram nesta região. A Marinha de Israel também lançou bombardeio nesta segunda-feira, causando a morte de um soldado libanês na cidade portuária de Tiro. Outros três militares libaneses ficaram feridos.
Em resposta, o Hizbollah disse que seus homens se preparam para um pesado confronto, e reivindicou o lançamento de foguete contra um navio israelense. Israel ainda não confirmou o ataque.
Ação mortífera
Ontem, após a mortífera ação israelense, o grupo terrorista Hizbollah lançou mais de cem foguetes Katyusha contra Israel. Não houve registro de vítimas.
O prédio atacado neste domingo abrigava pessoas que haviam fugido de outras regiões bombardeadas por Israel e que tentavam escapar da morte em Qana. Israel havia pedido que as pessoas deixassem a cidade, tirando a opção dos refugiados de se esconder naquele local.
O presidente norte-americano, George W. Bush, pediu nesta segunda-feira uma paz duradoura no Oriente Médio, porém não mencionou um cessar-fogo, reivindicado pela comunidade internacional após o ataque israelense.
"Asseguro que elaboraremos um plano no Conselho de Segurança que aborde o problema desde a raiz", declarou Bush após um encontro com empresários em Miami.
"Queremos uma paz duradoura, uma paz que seja viável", acrescentou.
Ajuda
A Síria concordou em fornecer gasolina de sua reserva estratégica ao Líbano para compensar a falta do combustível provocada por um bloqueio naval israelense, afirmou nesta segunda-feira Nasri al Khoury, secretário-geral do Alto Conselho Sírio Libanês.
"Um acordo inicial foi feito", afirmou, acrescentando que a "Síria não tem excedente de gasolina, portanto o suprimento sairá de suas reservas".
A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, que esteve em Israel neste fim de semana, disse que um cessar-fogo definitivo poderia ser acertado ainda nesta semana, embora Israel tenha dito que seriam necessários mais 15 dias de ação para alcançar os resultados desejados: destruir por completo a infra-estrutura do Hizbollah.
O cessar-fogo definitivo citado por Rice envolve o governo do Líbano –que não participa das ações violentas entre as forças israelenses e o Hizbollah. Segundo Rice, o governo libanês deve assumir o controle do sul do país, onde se concentram as bases do Hizbollah e de onde são lançados foguetes Katyusha contra o território israelense.
Segunda visita
Esta foi a segunda visita de Rice à região em uma semana. Desta vez a secretária de Estado americana cancelou sua passagem por Beirute após o ataque israelense a Qana. O primeiro-ministro libanês, Fuad Siniora, reconheceu ter pedido a Rice que não fosse ao Líbano.
A atual onda de violência teve início no último dia 12, quando membros do Hizbollah seqüestraram dois soldados israelenses. A ação deixou ainda outros oito soldados e dois membros do grupo libanês mortos. O Hizbollah quer trocar os dois soldados por libaneses presos em Israel, mas o governo israelense se nega a fazer a troca.
A violência entre Israel e Hizbollah já deixou cerca de 550 mortos no Líbano [a maioria civis, além de sete brasileiros] e 51 mortos em Israel [19 civis]. O Ministério da Saúde libanês disse nesta segunda-feira que o número oficial de mortos pode subir para 750.
Peretz
Nesta segunda-feira, o ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, disse em uma sessão extraordinária do Parlamento (Knesset), que Israel não aceitará um cessar-fogo "imediato sem determinadas condições". Israel quer a devolução dos dois soldados e o controle do sul do Líbano sob o comando do Exército libanês.
"Como homem de paz, digo a vocês que não se deve proclamar um cessar-fogo imediato sem acordos prévios… Estamos em uma guerra para defender nossos lares, uma guerra que nos foi imposta, e estamos decididos a vencer", disse o ministro. Peretz disse ainda que esta é uma guerra dolorosa, mas que Israel a vencerá.
"O mundo deve saber que Israel não tem nenhum interesse em uma guerra com o povo libanês ou com os palestinos, e sim com seus grupos terroristas, respaldados pela Síria e pelo Irã."