Nanicos defendem que suas candidaturas são autênticas

Alagoas24HorasCandidatos emergentes discutem propostas para Alagoas

Candidatos emergentes discutem propostas para Alagoas

Há menos de 60 dias das eleições, a disputa pela cadeira principal do Palácio República dos Palmares continua sendo liderada pelo deputado federal João Lyra (PTB) seguido do senador Teotônio Vilela (PSDB/AL).

No entanto, apesar da disputa polarizada, outros seis candidatos buscam a vitória e defendem que suas candidaturas – “ao contrário do que colocam alguns setores da sociedade e da própria imprensa” – são autênticas e tentam levantar propostas para o Estado de Alagoas.

Em todos os pleitos eleitorais, pairam sobre os candidatos que alcançam menos de 1% das intenções de voto a pejorativa suspeita de serem “laranjas”, ou seja, estejam a serviço de outros candidatos para auxiliar na matemática eleitoreira.

Mas, o candidato do PAN, Gerson Guarines, se defende e diz que “apesar de lutarem contra a força do poder político e econômico e de serem colocados como uns loucos aventureiros por alguns setores da imprensa, os partidos considerados pequenos possuem propostas e têm o que dizer”.

Para Guarines, a discriminação começa pelo apelido “nanico”. Ele coloca que nanico não é o partido, mas sim as atitudes de alguns políticos. “Há partidos grandes, que racham e brigam por conta de uma matemática eleitoreira, que não possuem ideais. Hora estão de um lado, ora do outro, para garantir mandatos, comprar votos e se manter no poder. Isto é atitude nanica. Nós surgimos como uma alternativa verdadeira dentro do pleito eleitoral. Não dá para o alagoano dizer que não nos conhece. Conhece sim. Agora, é mais cômodo para alguns conheceram aqueles que estão no topo das pesquisas. Nós possuímos propostas sérias para o desenvolvimento do Estado de Alagoas”.

A maioria dos partidos nanicos que estão no pleito deste ano ganharam forças com a Era Lessa, tanto que ocuparam cargos no atual governo, mas são unânimes em dizer que o rompimento se dá por um abandono de projeto socialista do ex-governador Ronaldo Lessa, não compondo por tanto como senador e candidato Téo Vilela.

“O Lessa se beneficiou com os partidos pequenos, mas depois abandonou ao compor com o PSDB e o PMDB. Então, no meu caso, por seguir uma determinação nacional e discordar do cenário atual, saímos com candidatos para o Governo, Senado, Assembléia Legislativa e Câmara Federal”, destaca Guarines – que também já ocupou cargos dentro do Governo de Alagoas.

Para Guarines, há projetos do PAN que serão debatidos na televisão e vão comprovar o compromisso ideológico do partido com a classe que representa – os aposentados – e com o desenvolvimento auto-sustentável de Alagoas.

“Queremos investir na agricultura familiar, turismo e emprego. Governar Alagoas é montar uma equação favorável que reúna fatores e dê sustentabilidade. Precisamos renovar a Assembléia Legislativa e conduzir um discurso independente. Nós vivemos em um sistema plutocrático, ou seja, comandando pelo poder econômico. É preciso desafiar a estas oligarquias. O projeto do qual fazia parte começou com este pensamento e depois se desviou”, defende.

É possível encontrar um pensamento parecido na candidatura de Elias Barros (PTN), que conforme o próprio candidato ao Governo de Alagoas, também se centra em um projeto de desenvolvimento para o Estado de Alagoas. “A verdadeira mudança somos nós, os considerados pequenos. Queremos mostrar para o eleitor que se sente encurralado que há uma alternativa. Pode ser eu, o Guarines, enfim. São projetos e propostas a serem analisados e submetidos à avaliação popular. Os que estão no poder esquece que quem decide é o povo. A candidatura do PTN é o branco da paz e da ética contra o laranja e o azul. Meu medo é que a mistura destas duas cores resulte novamente numa administração colorida em Maceió. O nosso passado se revelou desastroso, neste sentido”, colocou Elias Barros.

Esta é a segunda vez que Elias Barros se candidata ao Governo de Alagoas. Da primeira vez – em 2002 – o candidato adotou um discurso ferrenho contra a candidatura de Fernando Collor de Mello (PRTB), que disputava o cargo com o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), que acabou sendo eleito no primeiro turno. Logo em seguida, Barros ganhou cargo no Governo Lessa. Pairou sobre sua candidatura a suspeita de ser laranja. Barros nega. Diz que o PTN é um partido sério e que não está envolvido em nenhum tipo de falcatrua.

“Buscamos uma reconstrução ética na política. Não somos nós que fazemos parte do mensalão, da máfia do sanguessuga, da compra de votos, do abuso econômico e do desrespeito do povo. Somos uma nova via, buscando construir o nosso Estado, pautado pela ética, pela verdade e pela honestidade. Entrei com representação contra veículos de imprensa porque não dão aos pequenos a mesma importância e porque escondem nossos nomes. Sequer aparecemos na pesquisa. Houve uma pesquisa, por exemplo, que colocou o Eudo Freire (PSDC) como o mais rejeitado. Como pode ser se ele sequer é conhecido como os outros?”, indaga Elias Barros.

Barros e Guarines defendem que se houver uma eleição limpa e sem compra de votos, as chances de suas candidaturas deslancharem são grandes. “Entramos com uma representação junto ao Tribunal Regional Eleitoral, Ministério Público Federal e Ordem dos Advogados para que sejam mais vigilantes, já que a minirreforma do Congresso Nacional, ao abolir o excesso de gastos, nos colocou em condição de igualdade com os candidatos mais ricos. Eu costumo dizer que é a campanha do tostão contra o milhão”, destacou Elias Barros.

PRTB e Collor

O PRTB de André Paiva é um partido que vive sob o signo do mistério. Motivo: é a sigla da qual pertence o ex-presidente Fernando Collor de Melo. Para muitos cientistas políticos, Paiva e Givaldi Francisco – candidato ao Senado impugnado pela idade – “esquentam apenas a cadeira” para que Collor possa ainda entrar no páreo. O PRTB é também um dos poucos emergentes que não ganharam forças com a Era Lessa, mas sim foi derrotado pelo ex-governador no embate passado com o ex-presidente.

No entanto, o candidato André Paiva diz que “sua candidatura é autêntica e este ano será 28 Nelles (alusão ao número do partido e ao nome de Collor)”. Paiva defende que está no páreo e vai provar isto no guia eleitoral. Quanto aos adversários políticos, ele coloca que “por medida ética não cabe elogios, nem críticas contundentes. O povo sabe do passado de todos e vai avaliá-los”.

Advogado formado pela Universidade Federal de Alagoas, André Paiva é o mais silencioso e mais desconhecido dos candidatos considerados nanicos. No entanto, já ocupou diversos cargos públicos. Atualmente é tenente da reserva das Forças Armadas Brasileiras. Já passou pela presidência da extinta LBA e foi conselheiro da Secretaria Executiva da Fazenda. Quando o assunto é Fernando Collor de Melo, Paiva não descarta a possibilidade do correligionário e amigo entrar na disputa ainda este ano.

“A saída para o cargo de governador é uma estratégia de todos os partidos que estão ameaçados pela cláusula de barreira. Eu me ofereci a esta pretensão de meu partido, esperando que contribua com a performance eleitoral capaz de ajudar”, declara Paiva, complementado que têm condições de desenvolver o papel de governador. “Os demais candidatos que não estão no topo se iguala a minha situação. Eles são soldados do partido”, sentencia Paiva.

Quanto a propostas do PRTB, o discurso de Paiva passa pela questão da segurança. “É a pior crise que Alagoas já viveu”. Paiva diz ainda que sua campanha não será de baixarias. Indagado sobre a condição de Collor no processo eleitoral, o candidato diz que a pergunta deveria ser feita ao presidente do partido Eraldo Firmino. “Não tenho dúvidas de que o Collor participará da nossa campanha de fora integral, pois todos nós do PRTB, nos sentimos orgulhosos de maneira carinhosa com a forma que o ex-presidente trata as pessoas do partido”.

O candidato diz ainda que houve esforço do partido em torno da participação de Fernando Collor no pleito. “Sou testemunha do esforço dispensado pelo presidente do partido no sentido de convencer o ex-presidente Collor a disputar um cargo eletivo nestas eleições. Como membro fundador do PRTB, também gostaria que isso acontecesse. Ainda guardo esperanças neste sentido”, diz. Sobre o silêncio do ex-presidente, Paiva diz que a resposta “somente virá em um futuro bem próximo”.

O Alagoas 24 Horas tentou entrar em contato com o candidato Eudo Freire (PSDC), mas não obteve êxito. Em conversa com o candidato ao Senado pelo partido, Alfonso Dacal, ele reafirmou a condição do partido no pleito. “Tentamos coligar, mas as composições não eram favoráveis ao que pensamos sobre política, nem satisfaziam as nossas idéias, uma vez, que muitos queriam usar os partidos pequenos como escada política, então não havia outra alternativa a não ser sair com uma chapa pura. Sentamos e articulamos projetos nas diversas áreas para o nosso Estado, principalmente no que diz respeito a educação, emprego e segurança, áreas que consideramos primordiais”, colocou Dacal.

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