O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que, como chefe do Poder Executivo, é o responsável por erros cometidos em seu governo por qualquer funcionário público e que, por isso, afastou os ex-ministros José Dirceu e Antônio Palocci.
"Eu sou o presidente da República e, se eles (servidores públicos) cometeram algum erro, direta ou indiretamente, eu tenho responsabilidade de agir", disse o presidente ao ser indagado, em entrevista à TV Globo, sobre irregularidades envolvendo membros do seu governo.
"Quando fico sabendo, eu puno afastando. Faço sindicância e as pessoas são investigadas de acordo com a lei", acrescentou o presidente, na entrevista concedida como candidato do PT à Presidência.
"Eu afastei o José Dirceu, eu afastei o Palocci e afastei outros funcionários que estavam envolvidos. Todos os envolvidos, do primeiro e segundo escalão, foram afastados, e vou continuar afastando", disse.
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu deixou o governo em junho de 2005, alegando que se afastava para provar sua inocência. Ele teve o mandato cassado quase seis meses depois.
No caso do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa o levou a entregar em 27 de março uma carta solicitando afastamento do cargo, de acordo com a versão oficial da época.
O presidente reafirmou nesta noite que não tinha conhecimento do chamado esquema do "mensalão", do qual teria ficado sabendo após as denúncias.
"Muitas vezes, ou por má-fé ou, quem sabe, porque estamos vivendo uma guerra política, as pessoas ousam dizer que o presidente deveria saber de tudo", declarou. "Ora, vamos ser francos, está cheio de famílias que têm problemas dentro de casa, que têm pai e mãe que sabem que o filho cometeu um delito pela imprensa", comparou Lula.
Em entrevista à Globonews, o presidente voltou ao tema. "Eu assumo a responsabilidade por tudo que acontece no meu governo, do Oiapoque ao Chuí. Assumo a responsabilidade por erros e acertos", declarou. "Agora, o que não posso é aceitar a idéia da má-fé de dizer ‘ah, mas ele é o presidente, ele tem que saber de tudo’. Como se o presidente da República fosse um radar."
