Conhecido pelas conquistas no mundo da cultura e da arte, o escritor Ariano Vilar Suassuna, 79, ainda sonha com um Brasil mais justo, sem crianças passando fome e com mais empenho para resgatar a cultura popular, que é a marca mais significativa do país.
Com essas idéias e envolvido por muitos sonhos, o escritor – que se diz um realista esperançoso – encerrou o ciclo de palestras da 63ª Semana de Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia (SOEAA), realizada no Centro de Convenções, no Jaraguá.
Em sua palestra, Suassuna contou o começo de sua vida literária, a infância em escola pública, narrou trechos de obras e revelou seus sonhos. “Eu queria que, quando terminasse minha vida, escrevessem que meus livros foram feitos de pensamentos e sonhos”, comentou.
Com essa sinceridade e simplicidade, Suassuna tentou mostrar aos participantes do evento que o maior problema do país é relacionado com as injustiças sociais e, principalmente, com a fome, que impede avanços em outros campos primordiais, como a educação e cultura.
“Se o menino não for alimentado não poderá ter condições de estudar e de aprender. Eu digo isso porque fiz os cinco primeiros anos do curso fundamental em escola do município de Taperoá, interior da Paraíba. Lá havia três irmãos e um deles me disse depois que ia para a escola sem nem tomar café”, contou, indignado com as condições de miséria que ainda assolam a sociedade.
“E tem que ter utopia, que é o sonho aplicado ao campo político”, complementou. Terminando a palestra, Ariano Suassuna disse que utilizou a arte como forma de indicar uma teoria política, capaz de guiar o povo para o poder. “Mas o que fiz ainda foi pouco. Pelo menos foi o que pude fazer”, finalizou o escritor.
Ariano Suassuna é autor de “O Auto da Compadecida”, considerado em 1962 o texto mais popular e moderno do teatro brasileiro. O escritor também é integrante da Academia Brasileira de Letras há 17 anos.
SOEAA
Realizado em Maceió, no Centro de Convenções, em Jaraguá, a Semana de Engenharia, Arquitetura e Agronomia bateu os recordes de público, com a participação de 2500 pessoas.
“No ano passado nós tivemos 1500 e não esperávamos tanto. Hoje já tivemos cerca de 300 inscrições reprimidas por falta de espaço. Por isso também colocamos telões do lado de fora do auditório, para que todos possam ver as palestras”, disse o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Alagoas, Aloísio Ferreira.
Para o presidente do Crea, o encontro ganhou maior importância neste ano, com o debate dos presidenciáveis, realizado nesta manhã. “Já entregamos relatórios do Programa Pensar o Brasil a todos os representantes dos partidos. Lá temos as propostas debatidas em cinco regiões brasileiras, para que o próximo governo faça mais pela área tecnológica”, explicou.
Aloísio Ferreira disse ainda que a área tecnológica é responsável por 70% do Produto Interno Bruto do país, o que deve ser melhor analisado pelo próximo Governo, já que apenas 5% dos profissionais do país atuam na área.